As autoridades brasileiras identificam Marcos Roberto de Almeida, técnico do Consulado de Moçambique em Belo Horizonte, como o novo cabecilha da maior facção criminosa do Brasil. Operação de busca e prisão está em curso.
Considerado agora o número 1 do Primeiro Comando da Capital (PPC), a maior facção criminosa do Brasil, Marcos Roberto de Almeida, conhecido como ‘’Tuta’’, ocupava um cargo técnico no Consulado de Moçambique em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais desde julho de 2018. A afirmação é do promotor do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya.
‘’É um indivíduo que tem contacto com o consulado, que transita não só no país, mas fora do país. Então [esta] é uma operação hoje que não está mais centralizada nas prisões’’, explicou o promotor durante a conferência de imprensa realizada esta segunda-feira (14.09) em São Paulo.
A DW tentou contactar nesta quarta-feira (16.09) o Consulado de Moçambique em Belo Horizonte para se manifestar sobre as afirmações do Ministério Público, mas o órgão não atendeu as chamadas.
Operação de busca
‘’Tuta’’ foi escolhido para ser sucessor do ex-chefe da facção PPC, Marcos Willians Camacho, o Marcola, que está detido numa prisão federal e cumpre pena de 330 anos de prisão.
‘’É o número 1. Ele ainda não foi preso e temos equipas na rua, na região metropolitana de São Paulo. Hoje, ele é o integrante mais importante, o sucessor de Marcola’’, acrescentou o promotor Lincoln que está à frente do caso.
‘’Tuta’’ foi alvo da operação Sharks desencadeada na última segunda-feira (14.09) por promotores do Ministério Público de São Paulo em conjunto com a Polícia Militar e Batalhão de Choque.
Durante a ação foram cumpridos 40 mandados de busca e 12 mandados de prisão na cidade de São Paulo, região metropolitana, Baixada Santista e interior do Estado. A operação culminou num total de oito pessoas presas, quatro delas em flagrante por tráfico de drogas.
De que é acusado?
As investigações apontaram que Marcos Roberto de Almeida é suspeito de liderar os planos de executar polícias e autoridades públicas em represália às transferências e às ações contra a cúpula do PCC.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, ‘’Tuta” e outros 20 criminosos, alguns presos durante as averiguações dos fatos, levavam uma vida de luxo.
"Estes investigados estão hoje fugidos. Viviam uma vida realmente sumptuosa, inclusive aqui na capital do Estado (São Paulo) com mansões, condomínios fechados, apartamentos à beira mar e andando de automóveis importados’’, revelou Gakiya.
Durante as diligências foram apreendidos explosivos, armas e carros de luxo usados pela organização criminosa. Um dos alvos, identificado como Cláudio José de Freitas foi morto ao reagir com tiros ao mandado de prisão.
O Ministério Público afirma que o PCC movimenta mais de 100 milhões de reais por ano, equivalente a quase 16 milhões de euros, dinheiro proveniente do tráfico nacional e internacional de drogas.
Dw – 16.09.2020
NOTA: É urgente uma explicação do governo de Moçambique sobre como este senhor entrou