Ilha do Ibo, Cabo Delgado
Na lista das maiores e mais belas ilhas do Arquipélago das Quirimbas, em Cabo Delgado, o distrito do Ibo está na lista da ameaça generalizada do terrorismo que, desde Outubro de 2017, está a tirar a paz e tranquilidade aos habitantes das regiões centro e norte de Cabo Delgado.
Nisto, o Governo, através das estruturas administrativas e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) têm estado a fazer todo esforço que se mostre necessário para garantir que a ilha, que também acolhe milhares de refugiados de algumas aldeias de Mocímboa da Praia e Palma, não entre na lista dos distritos atacados por bandos terroristas, cujas acções têm estado a crescer a olhos vistos.
Neste exercício, a palavra e acção de ordem têm a ver com a vigilância. Um controlo apertadode quem entra e quem sai. Todo o tipo de perguntas é feita e, em caso de as respostas dos entrevistados suscitem algumas dúvidas, outrasprovidências são tomadas.
As “guias de marcha”, documentos identificativos do nome, local de proveniência e destino, são a principal prova que se cobra a quem chega e a quem sai da Ilha do Ibo. Além da guia de marcha, o bilhete de identidade é, igualmente, exigido.
Entretanto, tendo em conta que muitas populações perderam todos os seus haveres, incluindo documentos pessoais, as autoridades acabam compreendendo e deixando o BI de lado. “Não se apanha barco para sair ou não se desembarca do barco para entrar na ilha sem apresentar documentação” – explicou uma fonte daquela ilha, clarificando que esta é uma realidade que vem se verificando já vão dois meses.
“Dizem que é uma medida de vigilância e controle, com vista a detectar quaisquer movimentos ou pessoas estranhas” disse um residente local, acrescentando que “ainda hoje [sábado] vi jovens ou passageiros a serem devolvidos à praia para irem levar declaração no bairro [de onde são provenientes]”.
De acordo com palavras do residente local, em caso de dúvidas sobre a proveniência, os suspeitos são levados ao Comando Distrital da PRM, onde são questionados sobre os motivos da chegada. Aqui, a entrevista inclui que os recém chegados consigam indicar familiares conhecidos na ilha e só depois de se aferir a credibilidade das informações transmitidas é que são liberados a entrar na ilha.
Uma outra residente, identificada por Rosa Amade, disse que nos últimos tempos, as Forças de Defesa e Segurança têm-se mostrado à altura do cumprimento, com zelo e dedicação, a sua missão, incluindo o respeito em relação à população local.
As atrocidades que, de forma permanente e reiterada eram relatadas na ilha, parece terem ficado completamente para trás. Por outro lado, não existem relatos de falta de comida para a população local.
“A população continua recebendo comida. Acho que é no âmbito de apoio aos afectados pelo Idai, assim como aos refugiados que ainda estão aqui. Portanto, não há queixas de alimentação” – garantiu.
Refira-se que, neste ano, o administrador do Ibo, Issa Tarmamade, responsabilizou alguns elementos das FDS quando estes cometeram algumas atrocidades contra a população, incluindo violação sexual a uma rapariga local.
Aliás, o mediaFAX reportou na altura que os violadores, posteriormente identificados, foram transferidos do Ibo para outras posições do Teatro Operacional Norte.
Artigo co-produzido com a Zitamar News, no âmbito do projecto Cabo Ligado, em parceria com a ACLED
MEDIA FAX – 23.09.2020