Nota introdutória
O ano de 2013 entrou para história, ou melhor para o lado obscuro da história de Moçambique; a tensão política que era evidente no campo do discurso – através da política de acusações entre os atores políticos na arena pública – transforma-se numa “tensão político-militar” envolvendo o Governo de Moçambique, liderado pelo partido Frelimo, e o partido Renamo, dois protagonistas da guerra civil que teve o seu “fim” no ano de 1992 com a assinatura, em Roma, do Acordo geral de Paz (AGP). Ou seja, duas décadas depois do fim guerra civil, Moçambique se encontra, atualmente, mergulhado numa autêntica violência armada – a região central de Moçambique, concretamente as províncias de Sofala, Manica e abarcando atualmente a província de Tete, constituem o principal palco das ações que vem se alastrando até os dias de hoje. No ano de 2014, as partes interessadas no conflito chegaram, fruto do diálogo que vinha ocorrendo entre eles no Centro de Conferência Joaquim Chissano, na cidade de Maputo, capital do país, região sul de Moçambique, a um “acordo de cessação das hostilidades” ratificado pelo então Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza e pelo presidente do partido Renamo, Afonso Dhlakama. Acordo este que com base nos episódios posteriores, pode-se dizer que não foi em si suficiente para garantir o retorno à paz, à estabilidade política e a uma lógica democrática de relação social.