Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Antes de entrar na parte central do meu texto eu acho, que tenho uma obrigação de explicar para vocês de onde surge o título que acima atirei. Surge não de uma preocupação académica e muito menos de um preparo intelectual, porque nunca tive preparo intelectual e muito menos objectivo de fazer um debate intelectual/académico em torno de Karl Marx, embora tenha participado na Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas da Universidade Pedagógica da Palestra alusivo aos [200] anos do nascimento e do pensamento de Karl Marx.
Para começar, a análise das publicações mesmo superficiais de textos em alemão demonstra, que Marx tinha vivido na África. Eu, nunca tinha ouvido falar de Marx na África, nenhum [marxista] falou que Marx tinha vivido na África. Eu, me interessei pelos textos. Afinal; foi por razões de saúde; num momento ele estava doente e foi viver no norte da África. E…, há carta que ele escreveu quando estava vivendo no norte da África. Quando eu li essas cartas confesso; me horrorizei.
Cartas do Marx, aplaudindo a repreensão dos franceses, condenando os africanos, que lutavam contra as forças francesas, dizendo que eram bárbaros, que representavam a anti civilização e que era o colonialismo francês que representava à civilização.
Quando eu as li essas cartas me horrorizei. E…, ai comecei a ampliar minhas pesquisas e a olhar para todo que estava acontecendo na época do Marx e Engels, sobre o que estavam escrevendo e era a época quando o colonialismo e o imperialismo europeu eram mais [ferozes] atacando na Índia, atacando Indonésia, atacando todos os países, submetendo até a próprios China.
Eu queria saber o que eles pensavam e tinham escrito sobre todos esses acontecimentos. Não se esqueçam, porque o Marx e Engels não eram meramente pensadores [filósofos], economistas, sociólogos eram também jornalistas e escreveram muitos artigos contemporâneos sobre tudo o que estava acontecendo. E…, esses artigos estão ai e a maioria estão em alemão, escreviam para uma gazeta alemã, e tem traduções dessas cartas, desses artigos, e…, ai o meu horror foi total.
Vendo que eles [Marx e Engels] tinham-se solidarizado totalmente com o imperialismo, com as forças de conquista, de agressão, de anexionismo e que tinham condenado aqueles, que resistiam na Índia, Indonésia e América do sul. Inclusive trataram a Simão Bolívia de cobarde e aplaudiram a conquista de Estados Unidos [EU] de México.
Se você não sabia; essa parte de Califórnia, Texas agora que é dos EU, faziam parte de México. Os EU agrediram México, e anexaram praticamente a metade de México se não mais. Eu li as cartas/artigos de Marx aplaudindo dizendo; «que é correcto que os Americanos enérgico, anexaram o México desses indolentes e imbecis mexicanos».
O Marx e Engels, nos seus artigos foram muito mais longe demais dizendo; «por mais que nós possamos ficar tristes de ver alguns acontecimentos violentos desse tipo; o Ocidente está agindo no sentido da Historia». E…, foi ai onde eu comecei a compreender e a fazer a relação entre isso e aquilo, que um dia o Hegel disse [ver; A Razão Na História].
Então, você vê, não é através de um processo intelectual, que me faz escrever este artigo. É através, sim de um processo de descobrimento pessoal. Repare! Eu não estou defendendo nenhum projecto ideológico; não é nenhum texto ideológico, não tem nada a ver com política.
Eu tenho até hoje o maior respeito do Marx economista, tenho o maior respeito do Marx sociólogo, tenho o maior respeito do Marx filósofo. Mas..., não tenho respeito do Marx racista. Do Marx inimigo da revolução haitiana, mas não era amigo da revolução haitiana, mas estava contra eles. Como não tenho respeito por Darwin racista, como não tenho respeito por Montesquieu racista, como não tenho respeito por Hegel racista, como não tenho respeito por Nietzsche racista, como não tenho respeito por Kant racista, como não tenho respeito por Lucien Lévy-Bruhl racista. Como não tenho respeito por nenhum pensador racista.
Repare! Você pode ter as melhores teorias do mundo, e falar de universalismo, mas se você não pratica esse universalismo na luta quotidiano e você não pratica esse universalismo na relação dentro do seu próprio país com seus próprios co-cidadãos, então desculpa…, meu respeito pára ai.
O Marx, que podemos respeitar como aquele, que desvendou tantos [mistérios] sobre as facetas de exploração; como economista e como filósofo, como sociólogo, ao lado desse Marx, existia também aquele outro, esse Marx que era bastante consequente com o Ocidente, escreveu em seus artigos, que a escravidão era coisa boa para os africanos, porque os levava a civilização.
Desse Marx, eu não tenho nenhuma simpatia e respeito.
Manuel Bernardo Gondola
Em Nampula, [25] de Outubro 20[20]
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