O município de Pemba já não tem espaço para acolher mais deslocados de guerra no norte de Moçambique, após uma nova vaga de cerca de 10.000 pessoas, e anunciou que devem passar a ser conduzidos para localidades vizinhas.
"Hoje temos no centro transitório de Paquite deslocados que manifestaram interesse em seguir para a vizinha província de Nampula. Outros serão encaminhados para os distritos de Montepuez, Ancuabe e Mecufi", disse Florete Simba Motarua, presidente do conselho municipal de Pemba, citado pelo jornal Notícias de hoje.
De acordo com o autarca, "a cidade de Pemba tinha mais de 204 mil habitantes segundo o último censo geral da população", em 2017, "mas neste momento há mais de 300.000".
"Nos últimos três anos recebemos mais de 100.000 deslocados", disse, e faltam terrenos "para a construção de um ou mais centros de acolhimento para tanta gente".
A nova vaga de deslocados foi desencadeada em 16 de outubro, após novos ataques de rebeldes armados no norte da província de Cabo Delgado.
Cerca de 10.000 pessoas fugiram desde então até terça-feira, chegando em cerca de 150 barcos precários à praia de Paquite e outras, em Pemba.
A maioria são mulheres e crianças que chegam com fome e desidratados à capital provincial, havendo várias organizações a improvisar ajuda humanitária de urgência.
Algumas das pessoas em fuga estão doentes e pelo menos duas não resistiram à viagem, acabando por morrer nas embarcações, contou à Lusa Manuel Nota, diretor da organização humanitária católica Caritas em Pemba.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas.
Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de mil a 2.000 vítimas.
LUSA – 28.10.2020