O projeto de exploração de gás natural da Total no norte de Moçambique investiu até hoje cerca de 200 milhões de dólares (170 milhões de euros) em empresas moçambicanas, anunciou a petrolífera francesa.
Aquele valor faz parte de um total de 850 milhões de dólares (cerca de 720 milhões de euros) gastos com empresas registadas em Moçambique, nas obras do complexo industrial e infraestruturas associadas em Afungi, província de Cabo Delgado.
Os números constam de um comunicado alusivo à divulgação de oportunidades de negócio para 2021 em dois seminários através de plataformas eletrónicas que na última semana reuniram cerca de 100 empresas moçambicanas.
"O nosso foco, em parceria com o Governo moçambicano, é aumentar a competitividade das companhias locais para maximizarmos as oportunidades para a participação local", referiu Thomas Rodriguez, gestor de conteúdo local da Total, citado no comunicado.
Um primeiro seminário havia sido realizado em julho perspetivando as aquisições a seis meses.
Falar das oportunidades para o ano de 2021 "permite uma maior preparação do empresariado", referiu Thomas Rodriguez, enfatizando que "o projeto vai continuar a dar preferência às empresas moçambicanas, mas elas deverão ser competitivas, preenchendo os requisitos do projeto em termos de planificação, qualidade, quantidade e custo".
"Sempre que pertinente, encorajamos as empresas locais a criarem as necessárias parcerias entre si ou com empresas estrangeiras, para fortalecer a sua capacidade competitiva para concorrerem com sucesso às oportunidades de negócio providenciadas pelo projeto", acrescentou.
As oportunidades de negócio foram apresentadas por quatro das empresas contratadas pelo projeto, a CCS JV, o principal consórcio contratado para engenharia, aquisições e construção em terra (onshore), a TechnipFMC e Van Oord, que formam o consórcio MTV para engenharia, aquisições, construção e instalação dos sistemas subaquáticos (offshore) e a Gabriel Couto, empresa portuguesa contratada para a construção do aeródromo de Afungi.
A procura centra-se, entre outros aspetos, no fornecimento de bens e serviços nas áreas de saúde e segurança no trabalho, construção, manutenção, alimentação, gestão de alojamentos, transporte (rodoviário e marítimo) e equipamentos elétricos e de escritório.
A petrolífera francesa mantém o ano de 2024 como prazo previsto para a primeira entrega de gás, esperando-se atingir a plena produção (13,12 milhões de toneladas/ano) em 2025.
O consórcio tem contratos de venda fechados sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, da Shell e da britânica Cêntrica.
A Total lidera o consórcio da Área 1 com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo outras participações à indiana ONGC Videsh (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).
O projeto avança apesar da violência armada na província de Cabo Delgado, a poucos quilómetros do recinto de obras e que está a provocar uma crise humanitária com 1.000 a 2.000 mortos e cerca de 300.000 deslocados.
LUSA – 26.10.2020