A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas
O antigo Presidente da República Ramalho Eanes criticou esta quinta-feira a "imobilidade preocupante" dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) relativamente à possível resposta da Europa na ajuda aos ataques armados no norte de Moçambique.
"Há uma imobilidade preocupante dos PALOP, que já deviam ter mobilizado a sua ação externa para tentar fazer com que a Europa ajudasse a combater o islamismo radical que ataca o norte de Moçambique", disse Ramalho Eanes durante uma conferência virtual que decorre esta manhã, organizada pela consultora SAP sob o lema 'Sustentar o Crescimento Económico no Próximo Normal'.
"Havia uma resposta fácil desde que houvesse força e iniciativa e uma ação de mobilização da Europa e das Nações Unidas, e é muito fácil, havendo forças especializadas e drones, resolver a situação", acrescentou o antigo chefe de Estado português.
A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
A província onde avança o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo jiadista Daesh desde 2019.
EXPRESSO(Lisboa) – 26.11.2020