Moçambique e Tanzânia rubricaram acordos de cooperação militar e com o foco no pacto de controle de fronteiras dos dois países e movimentações de possíveis prevaricadores. Ainda nesta semana, a Tanzânia anunciou que vai fazer entrega de mais de 500 transgressores de fronteiras e com fortes suspeitas de estarem a colaborar com a insurgência armada, a sul do rio Rovuma, este que faz fronteira entre os dois países.
Inúmeros órgãos de Comunicação Social Nacionais, anunciaram haver uma luz verde para o apoio a Moçambique através da União Europeia. Contudo, uma fonte renomada na União Europeia disse ser prematuro esperar por ajudas externas, dando-se a possibilidade de emponderar tropas Nacionais Moçambicanas que ainda possuem capacidades e mobilidades técnicas para combater a insurgência localizada em Cabo Delgado.
A SADC mostrou-se solidaria nesta semana com Moçambique e sobretudo com a problemática de Cabo Delgado e como forma de responder a uma preocupação formulada pelo Governo de Moçambique a este órgão regional, o presidente Mokgweetsi Masisi, do Botswana, o qual encabeçou mais um encontro da Troica, no Gaberone, disse que era preciso que os países aliados priorizem esta preocupação, dando respostas ao alcance da resolução do problema. Na ocasião, 5 presidentes levantaram o indicador direito para Moçambique, prometendo se inteirar sobre o caso de insurgência armada em Moçambique e possivelmente em Congo (Monusco).
Teve lugar em redes sociais e na plataforma Zoom, um aceso debate que envolvia personalidades renomadas internacionalmente que apreciaram e deram o seu contributo no tema: COMO CONTROLAR O EXTREMISMO VIOLENTO EM ÁFRICA – LIÇÕES APREENDIDAS. Este debate teve apoios da Universidade Joaquim Chissano, Friedrich Ebert Stiftung e a SADSEM (The Southern African Defense and Security Manegement Network). Com base nas experiências de outros países que viveram e conviveram com factos de extremismo, Moçambique e sobretudo Cabo Delgado esteve também no centro das atenções.
Nacional
O Presidente da República de Moçambique, Filipe jacinto Nyusi fez nesta semana um pronunciamento que colocou alérgica muitas Organizações de sociedade Civil, Órgãos de Comunicação Social, acadêmicos e analistas. Nyusi disse que as redes sociais e meios de comunicação social digitais em uso no solo pátrio, fazem distorcer a realidade dos factos no Centro de Operações teatrais Norte. O mesmo presidente foi um pouco além ao acusar alguma tropa de estar a usar os mesmos meios para comunicar ou denunciar o inimigo.
Em gesto de respostas, o Presidente Nyusi foi confrontado sobretudo em debates televisivos com argumentos segundo os quais, aquele discurso pode vir a dar força e asas a Polícia, para agir no lugar da Procuradoria Geral da República, caso haja crimes de imprensa. Alguns analistas apelaram para que não houvesse novas mortes ou desaparecimento de jornalistas que recolhem e publiquem o pouco que colhem nestas zonas voláteis, ao se considerar na integra, o discurso do Presidente Nyusi e reiteraram que haja eficiência e rapidez nos informes regulares sobre a real situação de conflito militar que já fez mais de 1.300 mortes, 300 mil deslocados de guerra e vários desaparecidos.
Enquanto isso, crescem apelos de recolha de bens não perecíveis um pouco por todo o País e com o intuito de canaliza-los a deslocados de guerra. Associações, Confissões religiosas entre outros, anunciam contas bancarias e outros tipos de colecta de bens, em prol desta gente.
No Distrito de Mogincual, Província de Nampula, a Polícia encontra-se a investigar o como foram trazidas até à uma machamba familiar, perto de 30 armas de fogo de alcance até 3 km e de uso preferencial militar. O referido esconderijo que pode ter sido formalizado há décadas, foi descoberto pelos proprietários da machamba e as armas que aparentam estar operacionais, tinham apenas falta de cartucheiras.
Cabo Delgado
O Distrito de Muidumbe foi o foco das atenções e conflito militar que envolveu militares e insurgentes. Apesar de ter havido escassa informação por falta de comunicação por via de telefone, o Governo de Moçambique fez a sua primeira aparição e na pessoa do Bernardino Rafael, Comandante da Polícia a esclarecer que Muidumbe estava resgatado pela Polícia. Antes desta aparição, nenhum governante e posicionado nas fileiras da Polícia ou tropas se pronunciou a respeito do Distrito de Muidumbe para esclarecer o como insurgentes entraram, o quanto fizeram estragos, quantas mortes e em que aldeias, sobretudo.
O Pinnacle News e suas próximas fontes de informação, avançaram que os perto de 600 insurgentes devidamente armados, entraram no dia 31 de Outubro de 2020, tendo prevalecido por duas semanas em pelo menos 7 aldeias a fazerem desmandos incalculáveis e motivaram deserções a 100%. Estas afirmações vieram a ser confirmadas por uma publicação que também veio a circular em redes sociais e da autoria de Confissões religiosas de que, com base em depoimentos de jornalistas de rádios comunitários de Muidumbe, os quais estiveram refugiados dias e noites nas matas de Muidumbe, houve mortes por vários motivos a destacar, a acção directa de insurgentes, a sede, a fome, a perca de pessoas e sobretudo crianças em matas densas entre outros motivos. Contudo, todos os jornalistas de rádios deste distritos estão a salvos e fora do mesmo distrito, graças a injeção financeira de parceiros da mesma radio, para que estes e seus familiares se deslocassem em segurança primeiro, para o Distrito de Montepuez dista 238 km do local de ataques armados.
Mesmo depois do anúncio de expulsão de insurgentes em Muidumbe, houve mais incursões militares arredores de Muidumbe, facto que fez deslocar muito mais tropas de diferentes especialidades a partir de Montepuez, Mueda inclusive antigos combatentes de Mueda, para controlar-se a situação.
A acção de insurgentes em Muidumbe, tinha como forte proposito, alastrar a guerra até ao Distrito de Mueda, local onde populares evadiram-se enquanto cedo. Refira-se que até a semana passada, uma média de 70 a 75% de Munícipes de Mueda, já tinham abandonado suas benfeitorias. Os bancos comerciais e companhias de transporte público interprovincial e interdistritais, tinham interrompido a prestação de serviços ao público, temendo a alerta vermelha emitida pelos insurgentes que se resumia em TODA A GENTE CIVIL DE MUEDA TINHA QUE LIVREMENTE ABANDONAR AQUELE MUNICIPIO ENTRE OS DIAS 15 A 20 DE NOVEMBRO DE 2020, prazo este que se acredita ter falhado, pela pujança e bloqueio feito por militares, no Distrito limítrofe de Muidumbe.
Ainda nesta semana, uma embarcação de locomoção mista (a vela e a motor), foi abordada por insurgentes, em águas marítimas, em plena luz do dia 24 de Novembro de 2020. Da incursão, dois jovens ocupantes da mesma embarcação denominada estrela, foram selecionados e separados dos outros passageiros e levados para as margens das terras continentais. Parte da carga (mantimentos) que estava no mesmo barco que teve autorização para circular de Palma à Pemba, foi subtraída. Os insurgentes que assim agiram, estavam também numa embarcação a vela, semelhante a esta e eram apenas 4, munidos de armas de fogo. E a Policia de Palma (Sub-Destacamento da Policia Costeira, Lacustre e Fluvial), acaba de interditar a circulação de qualquer barco a vela carregando pessoas ou carga de Palma à Pemba e vice-versa, desde então.
A projecção acidental de uma bazuca, do recinto militar para o espaço residencial de Palma, foi também destaque para nós, nesta semana. O projectil afectou directamente pelo menos 3 ocupantes de uma casa e por sinal, membros da mesma família os quais, foram socorridos à Unidade Sanitária local.
No local, militares das FADM compareceram muito rapidamente para recolher destroços, pedir desculpas e deixaram recados para todos os que possivelmente foram (parcialmente) atingidos, para colaborarem com eles, por forma a terem atendimentos ao cargo das Forças Armadas de Defesa e Segurança.
A praia de Paquitequete, na Cidade Municipal de Pemba, acaba de ser desactivada no que concerne a recepção de gente deslocada de guerra. Uma vez que as tendas foram desfeitas e uma parte de serviços de prontos socorros desactivados, a Polícia e outras ferramentas de controle de fluxo, trabalham 24h00 / 24h00 para garantir a ordem e tranquilidade nesta praia e em todo o Município. A ser assim, o Município de Montepuez continua a ser recordista em recepção de deslocados onde, vários organismos humanitários incluindo Médicos Sem fronteira, encontram-se a minimizar o sofrimento de deslocados de guerra que proveem de Muidumbe e Mueda, alguns dos quais a pé, sobretudo.
Ainda em Pemba, a Polícia fez o uso de seus telefones móveis para receber e confrontar 12 nomes de cidadãos nacionais, suspeitos de terem feito alguma atrocidade neste Município. Os resultados do rigoroso controle que abrangeu passageiros em trânsito, ainda não foram oficialmente reportados a imprensa.
Em Palma, a pandemia de Covid – 19 tende a aumentar no seio dos campos residenciais de grandes investidores e equipas multisectoriais tendem a controlar esta doença, descartando a presença de alguns trabalhadores, por alguns dias, aos seus postos de trabalho. E por falar de Covid 19, terminamos com uma nota segundo a qual, um sétimo de militares de um dos quarteis militar de Montepuez, encontram-se em tratamentos desta doença. Nossas fontes dizem que a situação que já afectou centenas de militares (Novembro de 2020) está controlada e os tratamentos são feitos de forma ultra sigilosa e internamente. Paralelamente ao COVID 19, a cólera é notável no seio da povoação de Montepuez mas as autoridades sanitárias ainda não decretaram ser cólera, ainda que tenham erguido tendas de isolamento, no pátio da maior Unidade Sanitária, neste Distrito que mais deslocados acolhe, a estas alturas.