A publicação deste trabalho, embora com 26 anos de atraso, tem o mérito de ilustrar brilhantemente o que sempre se afirmou a propósito da defesa e salvaguarda do património representado pela Ilha de Moçambique: nenhuma intervenção tem sentido se não tiver em perspectiva a valorização e a sobrevivência da própria comunidade humana da Ilha, ao lado
dos monumentos históricos e das tradições culturais que se pretendem preservar.
O trabalho que João Schwalbach e Maria Cecilia Reyes de la Maza realizaram, com a sua equipe de investigadores e técnicos de saúde pública, propunha-se como ponto de partida para a necessária intervenção de fundo em termos de saneamento do meio, educação ambiental e melhoramento dos índices sanitários da população. Outras intervenções – igualmente baseadas em estudos monográficos elaborados por jovens académicos assistidos por estruturas locais e associações culturais, seriam na área do património edificado, na urbanização e na economia (que na época se designava por produção).
A ocorrência da guerra civil fez adiar todos estes planos a que a UNESCO e a comunidade internacional davam o seu concurso. A Ilha transformou-se num gigantesco centro de refugiados.