Mesa Redonda de ASA-EUA (African Studies Association-USA) acerca da crise em Cabo Delgado, 19 de novembro de 2020.
Nota: Agradeço ao Sr. António Roxo Leão pela edição e correções da minha tradução de texto de inglês para o português (Liazzat J. K. Bonate).
Intervenção de Liazzat J. K. Bonate: Cabo Delgado como um Catálogo de Falhas
Recentemente, Cristiano d’Orsi descreveu a situação de Cabo Delgado como um catálogo de falhas. Em particular, ele destacou a incapacidade do governo de Moçambique de discutir abertamente a crise e ajudar aqueles que precisam de apoio. A falta de informações do governo ajudou a criar confusão. Além disso, o governo vem aderindo continuamente a uma abordagem militar que levou a vários abusos dos direitos humanos.
Em agosto, o major-general Dagvin R.M. Anderson, comandante de Operações Especiais dos Estados Unidos em África, disse numa nota ao Departamento de Estado que o núcleo do Estado Islâmico fornece treinamento aos combatentes em Moçambique, dá-lhes educação e recursos adicionais. “Houve uma interpretação errada da situação, um erro de cálculo de que se tratava de um pequeno problema interno, bem dentro da capacidade de Moçambique de se extinguir”, disse ele.
Embora os militares moçambicanos tenham lutado largamente contra os insurgentes por conta própria, e com a assistência de contratos com empresas militares privadas do Zimbabué e da África do Sul, a sua resposta teve poucas repercussões por falta de recursos, de acordo com o Instituto de Estudos de Segurança.
O primeiro item no catálogo de fracassos é a falta de pesquisas sérias sobre a emergência e o desenvolvimento da insurgência por meio de uma perspectiva social e histórica. Há uma carência de pesquisa de campo orientada para detalhes, articulando as dimensões históricas e socioculturais das comunidades muçulmanas locais, e também, a dinâmica das mudanças da insurgência antes e durante o período de 2017 até o presente (o quarto ano), incluindo diversas perspectivas da população local, sua agência e suas vozes.
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