RESUMO
Esta dissertação pretende olhar para as capulanas – a versão moçambicana dos famosos “tecidos estampados africanos” – como objeto de estudo antropológico. Para além de símbolos atualmente associados à “mulher moçambicana” ou à “mulher macua”, as capulanas são objetos que fazem muita diferença e fazem-fazer muitas coisas. A intenção deste estudo é, portanto, descrever e pensar algumas das composições, interações, conexões, efeitos e diferenças que as capulanas fazem-fazer na vida das mulheres da província de Nampula, no norte de Moçambique. A partir de uma perspectiva voltada para as materialidades, discuto algumas questões relacionadas à produção e às origens das capulanas, e mais fortemente seus múltiplos usos, focando em dois eixos principais: como elas fazem-falar, ou fazem evitar-falar, e como elas guardam segredo, mantendo invisíveis (e indizíveis) momentos sensíveis, como a gravidez e o nascimento, os ritos de iniciação e os ritos funerários.
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