Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Os cientistas, buscando entender e aplicar de forma correcta certas leis físicas conseguiram criar tecnologias maravilhosas e poderosas. Da mesma forma, no plano metafísico existem leis, que se forem entendidas e aplicadas na prática, poderão trazer muito benefício e poder.
Uma das principais leis espirituais, e eu me apoio em Dalai Lamá é a Lei do Carma ou a Lei da Causa e Efeito. É muito simples: repare! da mesma forma que a Lei de Newton, diz que; a cada força aplicada sobre algum objecto corresponde uma força oposta de igual intensidade; a Lei do Carma e eu me apoio em Dalai Lamá, estabelece [orienta], que cada acção desempenhada no campo de acção do mundo físico irá corresponder uma igual reacção. Ou seja, se eu causar felicidade irei receber felicidade em retorno; se eu causar tristeza irei receber tristeza E…, por aí em diante. Em resumo, colho aquilo que planto.
Repare! Sob um aspecto, o entendimento desta preciosa “verdade” deve levar-nos à compreensão de que tudo o que somos hoje; as condições de saúde do nosso corpo, a condição social e económica, o nível cultural e de escolaridade, os nossos relacionamentos familiares e os eventos bons ou maus que ocorrem em nossas vidas obedecem precisamente à Lei do Carma ou a [Lei da Causa e Efeito].
Ou seja, são condições justas, pois, resultam de nossas acções passada; quando entendermos isto, paramos de culpar o destino ou outras pessoas por obstáculos [fracassos] e dificuldades que nos surgem pela vida. Há a percepção de que nós mesmos, e ninguém mais, criamos nosso destino através de nossas próprias acções passadas. Desta forma, enfrentamos os revezes e as dificuldades com coragem e dignidade entendendo, que devemos pagar nossas dívidas e não alimentar como acontece sentimentos de revolta ou de autopiedade [resignação].
Sob outro aspecto, se tudo o que somos hoje é fruto ou resultado das nossas acções anteriores, as acções que desempenhamos no presente logicamente irão criar nosso futuro. Disso não tenhamos dúvidas. Portanto, está em nossas mãos escolher o futuro que queremos. Quando entendermos isto, percebemos a grande responsabilidade, que temos pelo pensamento, palavra ou acção que desempenhamos.
Com este entendimento vemos que, o verdadeiro esperto não é aquele, que consegue ludibriar ou enganar os outros, mas sim… aquele que desempenha acções correctas, porque é possível enganar seres humanos, mas impossível enganar a Lei do Carma. Destarte, como nossos corpos não podem fugir do efeito da Lei da Gravidade, a alma não escapa à acção da Lei do Carma.
As contas cármicas [Lei do Carma], consequentes às acções desempenhadas em nascimentos anteriores podem ser transferidas aos nascimentos seguintes [posteriores], explicando desta forma o facto, de por exemplo, de um indivíduo já nascera ladrão, seu filho também será ladrão, o facto de um indivíduo já nascera assassino seu filho também será assassino, o facto de um indivíduo já nascera confuso e conflituoso, seu filho também será confuso e conflituoso, e.… por aí em diante.
É claro, que a alma não chegou a desempenhar acções negativas neste nascimento, que resultaria num corpo defeituoso. É necessariamente a consequência das acções desempenhadas em nascimento anteriores. Porém, se nos esforçarmos podemos mudar o curso das circunstâncias.
Destarte, o entendimento do facto, e eu me apoio em Dalai Lamá, de que as almas tornam renascimento [nova vida] isto, explica uns nascerem pobres, outros ricos, uns nascerem inteligentes e outros não inteligentes, uns nascerem políticos e outros não, nesta ou naquela família. Isto, também explica o facto de irmãos, embora da mesma família, boa educação, amigos iguais, serem tão diferentes em sua personalidade [comportamento].
Repare! cada situação em que nascemos dá continuidade ao nosso papel naquele momento e, é justo dado que, é consequência das acções passadas. Surge então a pergunta: o que é acção correcta? Bom! Sabemos, que as opiniões variam, ou seja, o que é correcto para um pode parecer errado para o outro.
Mas, a Lei do Carma, e eu me apoio mais uma vez em Dalai Lamá, não poderia usar critérios variados e subjectivos na avaliação das acções humanas. O conhecimento do que é fraqueza [vícios] e do que é virtude [ético], do que deve e do que não deve ser feito é imperativo [ordem] para o nosso progresso espiritual. Devemos entender, que todas as acções, palavras ou pensamentos, que são motivados pela consciência do corpo, ou seja, pela identificação errada do ser com seu papel no mundo físico ou com o nome e a forma do corpo, têm algum efeito negativo. As suas principais manifestações são: luxúria, a raiva, a ganância, o apego, a arrogância, o medo e a preguiça.
Se ponderarmos sobre a causa de todos este vício e eu me apoio em Dalai Lamá, perceberemos que… todos são invariavelmente devido a consciência ignorante do eu verdadeiro. Pode ser dito que a fraqueza ou vicio [pecado] é acção desempenhada no esquecimento do eu e de Deus, e portanto, age contra as qualidades de paz, amor, felicidade e poder elevado do ser. Destarte, «a acção correcta é aquela que é feita na consciência da alma e em comunhão com Deus» [Dalai Lamá].
A experiência de sofrimento indica alguma escravidão sutil e invisível causada pelo presente ou passado. A consciência da alma e a comunhão com Deus, e eu me apoio mais uma vez em Dalai Lamá são, portanto, da máxima importância para obter-se a libertação dos efeitos das acções negativas do passado.
Então, através da Lei do Carma ou da Lei da Causa e Efeito, passamos a ter uma consciência ampla sobre a responsabilidade, que possuímos em criar nosso estado emocional e vida individual; paramos de nos resignar e de adiar os esforços inspirados em pensamentos como: não vai adiantar eu mundar. Afinal o mundo inteiro está destarte,
Eliminamos a passividade como acontece, de ficarmos esperando que, com o tempo as coisas melhorem. Tornamo-nos alguém que está contribuindo para a mudança da sociedade, em vez de sermos mais um, adicionado aos muitos problemas já existentes. Transformando as acções erradas em hábitos elevados, interrompemos o ciclo; esse ciclo de repetições dessas atitudes e começamos a experimentar uma influência benéfica nos pensamentos, palavras e consequentemente nos relacionamentos familiares, no trabalho, na escola e amizade.
Finalmente, experimentamos ser um farol para iluminar e ajudar a guiar a nossa sociedade.
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos 28 de Dezembro 20[20]