Esta segunda-feira, durante um encontro que o Presidente da República manteve com um grupo de militares das Forças de Defesa e Segurança Politicalha! em Cabo Delgado, congratulou-se pelos avanços que o exército está a alcançar no combate aos insurgentes.
Como nas comédias, o tempo se encarregou de ridicularizar o canastrão. Até nem foi necessário tanto tempo. Ontem os “jihadistas” realizaram dois ataques simultâneos no distrito de Palma, um dos quaisnas redondezas dos mega-projectos de gás natural em Afungi.
Até parece que estes ataques tinham como objectivo desqualificar a fanfarronice de Filipe Nyusi, porque acontecem poucos dias depois de ele ter alardeado o bom desempenho que as Forças de Defesa e Segurança têm em Cabo Delgado.
A realidade do que acontece no terreno, diga-se, há muito que frustra as expectativas presidenciais. É verdade irrefutável que Filipe Nyusi não se tem mostrado à altura de uma melhor gestão política do conflito em Cabo Delgado.
E o facto tem impacientado os países da região. Também não é menos verdade que as Forças de Defesa e Segurança continuam a denotar incapacidade para controlar a actividade dos “jihadistas” que devastam a província de Cabo Delgado.
Filipe Nyusi visitou, a 18 de Dezembro corrente, a região de Metuge (sede de distrito) e viu com os seus próprios olhos a desorganização logística ali existente e as dificuldades de evacuação de feridos e transporte de corpos. Os feridos, mesmo em Mueda, uma vila-chave na província, têm de ser transportados para Pemba por via aérea.
Talvez até seja por isso que durante o seu informe sobre o estado geral da Nação, no Parlamento, Filipe Nyusi tenha procurado justificar a ineficiência das Forças de Defesa e Segurança com argumentos de que há infiltração de tanzanianos no País, desde 2012, que alegadamente funcionam como elementos de radicalização e de recrutamento.
Para além de tanzanianos, identificou congoleses, somalis, ugandeses, e quenianos, entre outros. A verdade dói, mas tem que ser dita.
A gestão do conflito em Cabo Delgado é liderada por políticos medíocres, provincianos. O mérito ou demérito da sua actuação não é avaliado de maneira objectiva, mas sim por boatos e relações que só agudizam a mediocridade. (Laurindos Macuácua)
DN – 30.12.2020