Introdução: a inserção regional e cultural
Quem são os Maconde (Makonde) da África Oriental que se distinguiram na segunda metade do séc. XX por uma arte plâstica "neo-tradicional", identificada por um termo étnico?
Do ponto de vista cultural inserem-se no grupo austral da parte oriental da chamada cintura matrilinear de África, estudada por Audrey Richards, Mary Douglas e Hermann Baumann. Deste grupo austral fazem parte os Makhuwa em Moçambique e Tanzania, os Lomwe espalhados entre os Makhuwa de Moçambique, os Chewa-Nyanja,, Yao, Mwera, Matambwe, e os Maconde (Mavia) e Makonde dos respectivos planaltos do norte de Moçambique e sul da Tanzania, talvez também os Ngindo, entre outros. Em muitos deles encontramos danças com o uso de máscaras no fim de períodos de iniciação.
No que toca ao nome notamos que existem Makonde ao norte do rio Rovuma e Makonde ao sul do Rio Rovuma, mas que os Makonde ao norte do rio Rovuma chamaram, pelo menos entre 1880 e 1940, os Makonde ao sul do rio de Mavia ou Mabiha. Existem de facto diferenças linguisticas entre ambos os grupos referidos por especialistas (cf. L. Harries 1940). No entanto, em Moçambique, portugueses e outros residentes no litoral da zona de Ibo e Quissanga chamaram, já no início do séc. XIX, os habitantes do interior do planalto dos Macondes de Makonde e não de Mavia.