Escassez, preços altíssimos e fome caracterizam a vila
- Apesar do grito de socorro, vizinha Tanzânia impede entrada de produtos para Moçambique
O distrito de Palma, particularmente a sede distrital, continua a enfrentar de forma severa uma situação de autêntica escassez de produtos alimentares, realidade que faz com que os comerciantes com algum stock vendam o que têm a preços demasiadamente especulativos, deixando os habitantes locais completamente desesperados.
A cada dia que passa a situação parece estar a atingir níveis de insustentabilidade, numa altura que a única via terrestre usada para o reabastecimento de Palma continua intransitável por questões de segurança, ou seja, falta de segurança.
Estamos a falar da via Nangade – Palma, passando pelo Posto Administrativo de Pundanhar. Fontes locais asseguraram ao mediaFAX que, até sábado, a via continuava intransitável e dezenas de camiões com produtos alimentares continuavam estacionados em Nangade-sede, aguardando por indicações objectivas de que se pode avançar para Palma livres de ataques e emboscadas de grupos terroristas, que parece andarem famintos nos últimos tempos e ávidos a emboscar transportadores de alimentos.
Actualmente, soubemos, as entradas em Palma continuam todas fechadas. Ou seja, fechadas via marítima, via Mocímboa da Praia, assim como via Pundanhar, contou Juma Chawal, residente de Palma.
Com esta situação de vias fechadas e prateleiras vazias, alguns preços indicam o seguinte: 25kg de arroz – varia entre 2500 a 3000 meticais de acordo com a qualidade; 25kg de farinha – 2000; óleo de cozinha – 190 a 200 por litro; 1kg de açúcar – 120 a 130; 1 kg de arroz - 220; mandioca seca – 100 por kg; gasolina 1l - 500.00Mt; farinha 25kg - 2.500; batata-reno – 150 por kg.
Nas duas últimas semanas, recorde-se, vários camiões de transporte de carga foram atacados na estrada Nangade – Palma, acções seguidas de assalto aos produtos e por fim destruição dos camiões através de fogo.
Tanzânia impede passagem de alimentos
Apesar de, recentemente, os presidentes de Moçambique e da Tanzânia terem pousado para fotografias em demonstração de retoma das históricas boas relações entre os dois vizinhos, a realidade no terreno desmente esta ideia.
É que, diante da impossibilidade de chegada de produtos por via Pundanhar, a Tanzânia é vista pelos comerciantes como alternativa para o reabastecimento.
Entretanto, a Tanzânia não deixa que os seus produtos alimentares atravessem a fronteira de Namoto para o lado moçambicano. Os comerciantes locais, segundo fontes em Palma, não sabem as reais motivações do impedimento, uma vez que as autoridades daquele país não explicam nada.
Aliás, já houve um comerciante detido por duas semanas, após tentar transportar produtos alimentares da Tanzânia para Moçambique. Esta realidade verifica-se, igualmente, para casos de simples entrada de moçambicanos para a Tanzânia.
Há um controle intenso e proibição. Da vila de Palma até à fronteira de Namoto são sensivelmente 40 quilómetros em terra batida, para depois recorrer-se ao batelão para entrar na província fronteiriça de Ntwara, isto do lado tanzaniano.
MEDIA FAX – 01.02.2021