Com moderadas condições de segurança, ele quer ver o turismo e o comércio a retomarem
Apesar de algumas incertezas prevalecerem do ponto de vista de segurança, o administrador distrital de Macomia aproveitou os sinais de redução dos ataques terroristas nas regiões centro e norte de Cabo Delgado para “namorar” os pequenos agentes económicos [essencialmente comerciante] a regressar ao distrito para desenvolverem as suas actividades. Tomás Bedae, um oficial das Forças de Defesa e Segurança (FDS), anda numa campanha de reuniões com alguns agentes económicos que se refugiaram para a cidade de Pemba. A ideia é persuadi-los a regressar à vila, alegadamente porque condições de segurança estão e continuam a ser reforçadas pelas Forças de Defesa e Segurança.
Na semana passada teve vários encontros na cidade de Pemba e a tónica foi a de que o distrito queria os seus agentes económicos para catalisar o desenvolvimento.
De acordo com um comerciante que respondeu ao chamamento, na reunião foram sensibilizados a regressar, tendo o administrador garantido segurança, apesar de pairarem ainda algumas incertezas, tendo em conta a circulação de informações sugerindo presença de terroristas na região costeira do distrito. Fala-se da presença destes, concretamente em Mucojo e Quiterajo.
Alguns pescadores locais que tentaram ir à faina na zona de Mucojo e Quiterajo não mais regressaram à vila de Macomia, e os que escaparam contaram e alertaram sobre a presença terrorista naquelas zonas. Entretanto, a suspeita é que estes grupos terroristas estejam a fugir aos bombardeamentos inseridos nas operações das Forças de Defesa e Segurança, particularmente no distrito de Mocímboa da Praia.
Em resposta, aos apelos do administrador distrital, uma das questões que terá sido colocada como constrangimento por parte dos comerciantes, a par da segurança, é a questão que tem a ver com a quase total descapitalização. Ou seja, dizem os comerciantes, tudo ou quase tudo perderam aquando da invasão e ocupação terrorista à sede de Macomia, isto de 28 de Maio a 3 de Junho do ano passado.
Efectivamente, durante quase uma semana, os terroristas destruíram quase tudo que encontraram pelo caminho, particularmente estabelecimentos comerciais e turísticos. Destruíram e pilharam o que fosse do seu interesse e agrado. Apesar de o medo prevalecer, a realidade que se verifica nos últimos dias indica mesmo que há muita gente (particularmente deslocados) que está a regressar à vila sede de Macomia.
Electricidade de volta
Outra realidade que confere moral e força ao administrador distrital para avançar com apelos de regresso para a retoma da actividade económica no distrito é o facto de a Electricidade de Moçambique ter mobilizado homens e equipamentos para repor a corrente eléctrica, bastante vandalizada aquando da ocupação terrorista.
Com efeito, ao longo da vila, dá para ver os esforços que estão a ser envidados para que as coisas voltem a registar um cenário de alguma normalidade. “Estamos a ficar com energia nas casas. Aquando da destruição pelos ataques, a energia havia apenas em algumas casa, mas hoje está chegando aqui na zona comercial” - disse um residente do bairro Nanga, mostrando crença de que “a vida pode voltar à normalidade nos próximos dias”.
MEDIA FAX – 25.02.2021