EUREKA por Laurindus Macuácua
Cartas ao Presidente da República (50)
Bom dia. Tenho uma questão que gostava que me respondesse com sinceridade: o senhor está a levar a sério essa coisa de ser Presidente da República? Ou talvez não está à altura do cargo que ocupa?
É que o senhor não tem mostrado liderança necessária no enfrentamento de vários problemas que devastam o País. Não se sente cómodo na cadeira de Presidente da República. Até dá a sensação de que é um homem que age por impulso. Primeiro age, e depois pensa!
Acho que perdemos o rumo. O Presidente fica perplexo com tudo o que acontece no País. O exercício da liderança é muito difícil. Exige que se tenha foco.
Por exemplo: esta semana recebeu os dois jovens que lhe insultaram nas redes sociais; ao invés de aproveitar a oportunidade para passar a mensagem que precisa que o povo acate, preocupou-se em “perdoar”, em mostrar que é boa pessoa.
Ora, o que Moçambique precisa é de um bom Presidente e não de uma boa pessoa na Presidência. Esse exercício de ser boa pessoa pode fazê-la junto da sua família. É bom para educar os filhos. Moçambique não precisa de uma boa pessoa na Presidência. Quer um bom Presidente e que se ocupe do mais importante.
Convenhamos: julga, o Presidente, que receber jovens e perdoar-lhes é exercer a tarefa que lhe compete? Foi para isso que se elegeu Presidente da República? Até parece que não queria, alguém forçou-lhe a concorrer para esse cargo!
Talvez eu seja o único moçambicano que pensa desta forma, mas acho que para Presidente da República de Moçambique, neste momento, não precisamos de alguém que simbolize a Frelimo, a Renamo ou o MDM.
É preciso alguém mais palatável para o grosso da população, que não é nem lá nem cá. Unificação não é só a favor, é contra também. É contra o autoritarismo, o elitismo, a corrupção, a exclusão… Quando o Presidente não mete os pés pelas mãos, ocupa o seu tempo inventado adversários que não existem – como quando disse que o Bispo Luiz Fernando Lisboa era agente inimigo.
Por outro lado, o Presidente escangalhou a real vocação do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE). Por exemplo: até aqui não tem nenhuma informação sobre os “jihadistas” que atacam Cabo Delgado, desde o início da insurreição em 2017.
Parece que a principal preocupação do SISE é proteger a Frelimo. São as ameaças internas à Frelimo que preocupam o SISE, nomeadamente a Renamo, e ainda o vergonhoso escândalo das dívidas ocultas que pode tornar Filipe Nyusi o Presidente mais impopular de Moçambique. Não temos Presidente!
DN – 19.02.2021