Por Francisco Nota Moisés
A Frelimo acostumou-me a não acreditar nela desde os anos de 1960. Não acredito nada no que ela diz sobre os seus chamados sucessos e os reversos dos seus inimigos desde os portugueses ate este tempo contra os rebeldes do Norte.
Basta verificar e analisar as declarações dos chamados fugitivos do conflito do Norte para as pessoas se aperceberem que os entrevistados não dizem a verdade e nenhuma dessas pessoas falam livremente. Essas pessoas são previamente instruídas sobre o que dizer e como dizê-lo perante os microfones das agências da informação ao serviço da Frelimo.
Ri-me a bom rir depois de ouvir uma camarada alegadamente fugitiva de Palma a fazer a sua declaração ao microfone da STV. Se ela e a STV se aperceberam que o que a camarada, jovem e bela, estava a dizer desmentia as alegações de que já não havia vida humana nas zonas controladas pelos rebeldes. Ela não falava como uma pessoa aflita, o que me convence que essas declarações que aparecem citadas nas mídias da Frelimo e pro-Frelimo tem sido teatros organizados pela Frelimo para fins propagandísticos.
Se não vejamos, como é que todas essas pessoas só falam mal dos rebeldes? Como é que nenhuma delas critica o comportamento da soldadesca da Frelimo? Focalizemo-nos naquela auto-alegada camarada fugitiva que disse que saiu de Palma quando os rebeldes começaram a disparar e entrou na mata e andou até chegar em Pemba em três a quatro dias. A distância é longa por demais para ser coberta em tao pouco tempo por uma individua faminta a andar no mato que não conhece e no território inimigo.
Falando em português melhor do que aquela avozinha que fritou a língua de Camões, mas que na mesma pintou os rebeldes como homens cruéis que mataram o seu marido e o despedaçaram na sua presença, a rapariga enfaseou que passou por aldeias e teve um arrepio quando entrou numa "aldeia inimiga" onde viu rastros de rodas de motorizada no chão e logo afastou-se da aldeia inimiga antes que os rebeldes a vissem e matassem.
Afinal há ainda aldeias nas zonas dos rebeldes, o que implica que há populares que vivem com os insurrectos? Afinal, não é então toda a população que fugiu dos rebeldes como a propaganda da Frelimo alega? Aquela camarada fugitiva, se fugiu mesmo de Palma, podia ter ficado numa daquelas zonas e alegar que tinha fugido da barbárie da tropa da Frelimo e nada de mal lhe aconteceria.
A propaganda da Frelimo fala de pessoas que não decapitadas e despedaçadas pelos rebeldes, mas não produz fotografias dessas pessoas assim tratadas. As barbaridades da própria Frelimo foram bem demonstradas pelos próprios frelimistas que gravaram aquela mãezinha nua, e diz-se também que estava grávida, que recebeu pauladas antes de ser atingida por 36 balas e que gravaram também camiões com corpos mortos com os seus braços atados atrás das suas colunas com soldados com máscaras e a cena macabra de quatro indivíduos atados a serem batidos e um soldadesco da Frelimo a cortar a orelha dum dos infelizes.
Tais atrocidades da Frelimo não são novas. Ela sempre as cometeu a partir do tempo que Samora Machel assumiu a chefia da guerrilha em 1966 depois do assassinato de Felipe Magaia. Caso concreto: a Frelimo matou Silvério Nungu, o chefe das finanças da Frelimo numa das suas bases em Cabo Delgado alegadamente por ser corrupto e ter roubado dinheiro da Frelimo para construir uma casa para os seus genros tanzanianos.
Cortaram uma das orelhas do Nungu que estava amarrado a uma árvore e a açaram-na antes de lhe dar para comer visto que ele tinha pedido comida e água para beber depois de cinco dias de estar amarrado a árvore. Quando não quis comer parte do seu próprio corpo, o comandante da base chateou-se e o abateu com uma pistola na cabeça.