Num comunicado, o Aliança Democrática, principal partido da oposição na África do Sul, considera que os ataques em Cabo Delgado têm "potencial de desestabilizar toda a região" e insta a SADC a conter os terroristas.
A África do Sul enviou um avião militar a Pemba para assistir cerca de 50 cidadãos sul-africanos afetados pelos recentes atentados terroristas na vila de Palma, norte do país vizinho, que resultou na morte de pelo menos um empreiteiro sul-africano, segundo as autoridades de Pretória.
No entanto, o Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) referiu esta terça-feira (30.03), em comunicado, que os ataques terroristas em Moçambique "tem o potencial de desestabilizar toda a região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral [SADC]".
"E não podemos permitir que seja relegado para segundo plano ou esperar até que Moçambique seja destruído por completo antes que o nosso vizinho apresente um pedido de intervenção da SADC", salientou o DA.
"Insurgentes mais encorajados"
O principal partido da oposição na África do Sul considerou que "os insurgentes estão cada vez mais encorajados" à medida que aumentam o seu controle sobre a ocupação dos territórios na província de Cabo Delgado.
"A África do Sul deve estender a sua mão ao nosso vizinho necessitado, e embora o país deva se preparar para ajudar Moçambique como parte de um contingente da SADC, é chegado o momento de repatriar os nossos cidadãos retidos em Palma com urgência", salientou a formação política sul-africana.
"A Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) pode enviar as Forças Especiais para ajudar nesta evacuação vital para Pemba", frisou.
Interesses e vidas em jogo
O DA acrescentou que "a África do Sul não pode pagar o preço de ter outro país vizinho em ruínas", salientando que para além dos interesses económicos e do potencial fornecimento de energia da província de Cabo Delgado para a África do Sul e para a região, "os insurgentes já têm as mãos manchadas de sangue de milhares de pessoas".
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"É necessário um ambiente político seguro e estável para garantir o desenvolvimento económico e a criação de emprego", salientou o DA, frisando que "a SADC precisa de intervir agora para salvar Moçambique e garantir estabilidade para toda a região".
O maior partido na oposição na África do Sul, disse que também vai solicitar à ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana, Naledi Pandor, uma explicação sobre "porque é que não se realizou a cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da SADC, prevista para março de 2021, em Maputo".
Na sequência do ataque terrorista na cidade de Palma, junto aos projetos de gás no norte do país, o Governo sul-africano anunciou no domingo o reforço da sua missão diplomática em Moçambique, sem precisar detalhes.
Ataque em Palma
A vila sede de distrito que acolhe os projetos de gás do norte de Moçambique foi atacada na quarta-feira por grupos insurgentes 'jihadistas' que há três anos e meio aterrorizam a região.
Dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, no norte de Moçambique, foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila na quarta-feira. A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora existam relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.
DW – 30.03.2021