Tudo o terrorismo destruiu
- Administrador distrital admite que actualmente a vila não tem serviço público, exceptuando a Saúde, através do pessoal de saúde militar
O administrador distrital de Macomia, região litoral e centro de Cabo Delgado, finalmente admitiu a inexistência, neste momento, de qualquer serviço que possa tramitar o expediente público pelo facto de, aquando da invasão e ocupação de 28 de Maio do ano passado, os terroristas terem destruído tudo que pela frente encontravam.
É uma realidade que faz com que o Estado esteja na vila distrital apenas para garantir o que se pode considerar “serviços mínimos”, de uma vila que, depois da resolução do terrorismo, vai levar muitos anos para recompor-se do ponto de vista infra-estrutural.
Neste momento, de acordo com Tomás Badae, os únicos serviços públicos que o distrito está a conseguir oferecer às populações é o da Saúde. Entretanto, aqui também não são funcionários públicos que antes da invasão terrorista estavam a trabalhar na vila, mas sim elementos dasForças de Defesa e Segurança. Portanto, é o pessoal da saúde militar que está lá a atender a população porque o pessoal da saúde está todo disperso, estando maioritariamente na cidade de Pemba, para onde se refugiou aquando da invasão do dia 28 de Maio de 2020. “Dizer que para o Governo, todas as infra-estruturas foram vandalizadas. Foram queimadas. Incluindo infra-estruturas sociais e económicas” – apontou Badae, um administrador que vem das Forças de Defesa e Segurança, confirmando aquilo que, de resto, já escrevemos neste diário, apesar de o Governo nunca antes ter reconhecido abertamente.
Parte do pessoal da “Médicos Sem Fronteiras” também regressou ao distrito para ajudar na assistência sanitária da população.
Neste momento, de acordo com Badae, o esforço é de garantir e reforçar a segurança para garantir o retorno das populações. “Até agora temos o registo de 2.300 pessoas que já regressaram, no universo de 16.425 da população habitante de Macomia. É muito pouco, outras pessoas ainda não voltaram, ainda estão deslocadas nos pontos onde acharam ser seguro” – disse, garantindo que as Forças de Defesa e Segurança tudo estão a fazer para garantir que tudo volte à normalidade em Macomia.
“Como eu disse, todas as infra-estruturas foram queimadas. Incluindo a residência do administrador. Administrador está a viver numa residência provisória. Então foram queimadas todas infra-estruturas, não havia como o funcionário manter. Como viram, o hospital está todo queimado. O problema de saúde, nós temos alguns militares que são enfermeiros.
Então, a Direcção Provincial de Saúde, o que faz é trazer, alocar medicamentos para os militares atenderem a população” – explicou Badae, quando questionado pela Rádio Moçambique, sobre o funcionamento do Estado sem o mínimo de infra-estruturas.
Entretanto, a garantia de segurança de Tomás Badae continua a ser posta em causa por relatos recorrentes da presença de terroristas zona costeira do distrito, particularmente em Mucojo e Pangane.
MEDIA FAX – 10.03.2021