Por Francisco Nota Moisés
QUÉNIA (KENYA): UMA TERRA MARAVILHA (2)
... "De Makindu o viajante chega a Mtito wa Ndei onde o parque de Tsavo começa ou para o Ocidente. Os viajantes para Mombasa param aqui por uma hora ou mais para comer ou comprar fruta ou respirar o ar fresco da vegetação do parque e para se assegurar que os seus veículos estão em boa condição de se aventurar através do parque visto que ninguém quer avarias dentro do domínio da bicharada, onde, no caso de avarias pessoas não devem sair dos veículos até que recebam auxilio dos mecânicos da reserva. Pessoas fora dos veículos colocam-se em perigo de vida visto que dentro de minutos podem ser assaltados por grandes gatos a rugir estrondosamente e os leões do Tsavo são considerados como os mais agressivos da Africa. 'Acrescento do MPT: Retrato Falado: Os leões assassinos de Tsavo.' '
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/retrato-falado-os-leoes-assassinos-de-tsavo/
Muito bem feito, MPT, por ter ilustrado este caso histórico de Os Leoes assassinos de Tsavo. Embora tivesse tido a intenção de ler o livro The Man-eaters of Tsavo que retrata esta história por John Henry Patterson, o homem que finalmente matou aqueles leões ferozes, foi somente acerca de 2 anos atras que o li. E um grande clássico. Obviamente, o livro não vai na questão das três culturas que estiveram presentes no local e que representam as três visões sobre o drama -- as visões britânica, indiana e africana.
O colonel Patterson representa a visão imperialista que ignora as visões indiana e africana local. No seu livro, ele não fala da presença dos indianos e como e que aqueles asiáticos vieram a estar naquele lugar remoto, muito longe da sua India.
Para construir o caminho de ferro de Mombasa para Kisumu no Ocidente do Quénia, os britânicos trouxeram indianos com experiência na construção de caminhos de ferro. Os indianos tinham tido muita experiência em construir caminhos de ferro na India visto que para administrar e transportar recursos na India, os britânicos construíram um dos mais vastos sistemas de caminhos de ferro no mundo. Não o fizeram para o beneficio dos indianos, mas sim para o seu próprio interesse na exploração dos recursos da India.
Enquanto Patterson estava imbuído na tarefa de caçar os leões devoradores de homens para eliminar o seu terror nos acampamentos dos indianos, estes viviam no máximo terror visto que aqueles felinos quase que entravam nos acampamentos cada noite para atacar e carregar trabalhadores indianos. No seu terror, os Indianos referiam-se aos felinos nas suas línguas como shaitani para dizer satanases, demónios, maus espíritos. O árabe tem a mesma palavra para dizer as mesmas coisas e o swahili obteve do árabe shaytani a palavra shetani (singular) e mashetani (plural) para dizer espíritos malignos. Se os indianos acreditavam que se tratava realmente de espíritos malignos que assumiam formas de leões para os terrorizar ou os caracterizava como tal por causa do mal que os felinos lhes faziam, não sei dizer.
Mas para os nativos que se riam por ver os estrangeiros invadir a sua terra e a construir o caminho de ferro sem a sua permissão ou sem dizer aos nativos para que intercedessem com os seus antepassados para construírem a via férrea, o que os estrangeiros obtinham era merecida recompensa. Eles riam-se e diziam aos britânicos e aos indianos que nao se tratava de leões como tal, mas sim dos espíritos de dois dos seus curandeiros que estiveram a se vingar por causa da provocação e do desrespeito que os invasores lhes tinham demonstrado. Enfatizavam que ninguém poderia matar aqueles espíritos em forma de leões. Mas no fim e ao cabo, Patterson acabou por abater os leões.
Na verdade os machos dos leões de Tsavo não tem jubas e são mais agressivos do que os leões doutras partes de Africa, mas ninguém explica esse fenômeno com factos científicos. Existem posições e teorias que não são explicações definitivas.