Por Adelto Gonçalves (*)
SÃO PAULO - Como quarta economia do mundo, o Brasil não depende – e ainda bem – do governo central para dar andamento a sua economia, mas que suas ações podem atrapalhar não há dúvida. E, infelizmente, é o que vem ocorrendo com frequência. Com exceção dos ministérios da Fazenda e da Agricultura e do Banco Central, administrados por titulares de alto nível técnico e formação acadêmica invejável, os demais órgãos, com raras exceções, são conduzidos por profissionais que estão longe de serem os mais bem preparados.
Na maioria, foram convidados por conchavos e pelo contato do principal mandatário com a caserna. A rigor, esses pretensos ministros, se tivessem autocrítica e realmente estivessem preocupados com o desenvolvimento do País, jamais aceitariam a responsabilidade de administrar aquilo que efetivamente não conhecem. Na verdade, mostram-se tão despreparados para a função que é possível imaginar que tenham sido convidados para encobrir mais a falta de talento administrativo e político do presidente da República do que por outra razão mais nobre. Seja como for, o que se lamenta é que a soberba impeça que se deem conta do quanto sua incompetê ncia vem prejudicando o País.
Em que pesem trapalhadas governamentais e atitudes do presidente que fogem à luz da razão, o empresariado nacional tem sabido como se portar, assimilando as informações e os movimentos econômicos e administrativos do governo que são dignos de serem levados em conta. E assim o País, apesar dos sobressaltos causados pela pandemia de coronavírus (covid-19), segue firme em busca da retomada da produção e da normalidade econômica para fazer frente a um mercado consumidor que deve chegar em 2030 como o quinto maior do mundo, com um potencial previsto de US$ 2,5 trilhões, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Basta ver que, mesmo em meio à pandemia, em 2020, no acumulado do ano, a balança comercial registrou superávit de US$ 50,9 bilhões, com exportações de US$ 209,9 bilhões e importações de US$ 158,9 bilhões, tendo a corrente de comércio chegado a US$ 368,8 bilhões, segundo dados do Ministério da Economia.
Obviamente, esses números foram sustentados pelo agronegócio e pela mineração com a produção que alcançaram, mas não se pode deixar de reconhecer que esses setores também ajudaram o segmento industrial com a compra de máquinas, tratores e até aviões para o trabalho de pulverização da lavoura. Enfim, há uma grande gama de produtos industrializados que são exigidos para o plantio e a colheita de safras gigantescas.
Isso significa que, para que a balança continue superavitária, é preciso agregar cada vez mais valor ao agronegócio. Ou seja, é fundamental que a indústria de transformação invista em tecnologia e em novos processamentos para que possa atender ao agronegócio em sua necessidade de escoar ainda mais e aumentar o número de vendas para o mundo. Além disso, é essencial que o governo federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, continue a investir em obras que possam facilitar o escoamento da produção, o que inclui o reaparelhamento de portos e aeroportos.
Por fim, não se pode deixar de lado a tão decantada reforma tributária que, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, haverá de ser ainda aprovada neste ano e que tem por objetivo ampliar a base de arrecadação para conseguir reduzir alíquotas de impostos. O que se espera é que essa reforma venha também a contribuir para o desenvolvimento não só do comércio exterior como daqueles outros setores que a ele estão ligados.
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(*) Adelto Gonçalves, jornalista, é assessor de imprensa do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional (trading company). E-mail: [email protected]. Site: www.fiorde.com.br
PS: Um exemplo para Moçambique