A média dos países lusófonos é de 94,7%, bem acima dos 56,2% do Produto Interno Bruto (PIB) registados, em média, na região. Contudo, todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) vão recuperar da recessão generalizada do ano passado e vão ver as suas economias crescer, em média, 3%, abaixo da expansão de 3,4% da região.
De acordo com o relatório sobre as Perspectivas Eco- nómicas Regionais de África Subsaariana, nesta quinta-feira, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, Cabo
Verde será o país que registará maior crescimento este ano (5,8%), mas foi também o que teve a maior recessão no ano passado, com uma queda his tórica de 14%.
Moçambique, com 125%, é o segundo país mais endividado, numa lista encabeçada pela Eritreia, com um impressionante rácio de 175% de dívida face à riqueza do país, refere.
A Guiné Equatorial, que está em recessão desde 2016 e deverá voltar a ter um crescimento económico negativo no próximo ano, é a segunda economia com melhor desempenho entre as economias lusófonas africanas, devendo crescer 4% este ano, segundo o Fundo.
No que diz respeito ao rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB), um dos indicadores mais usados para aferir a capacidade financeira dos países tendo em conta o crescimento das economias, os PALOP registam uma média elevada, e bem acima da média da região.
O relatório coloca Cabo Verde como o país com a maior dívida pública na região, mas com a ressalva de que o perfil da dívida é menos preocupante, já que é largamente concessional.
"A África subsaariana tem um espaço orçamental limitado e os governantes têm prudentemente dado prioridade às despesas em saúde, mas muito claramente os investimentos encolheram e a dívida é muito elevada em vários países", alertou a directora executiva do FMI, Kristalina Georgieva, durante uma conferência de imprensa.
A dívida dos países africanos subiu de pouco mais de 30% em 2010 para 65% do PIB este ano, tornando-se insustentável para vários países tendo em conta a depreciação das moedas e o aumento das taxas de juros cobradas pelos investidores para participarem nas emissões de dí- vida soberana que os países têm usado para financiar o seu desenvolvimento.
Entre os países da África subsaariana com um rácio da dívida face ao PIB mais elevada estão os lusófonos Angola, Cabo Verde e Moçambique, todos com valores acima de 100%.
VISÃO ABERTA – 16.04.2021