Depois do charme das FDS, situação da vila sede volta a ser uma incógnita
Depois de os terroristas terem abandonado a vila de Palma no início deste mês e, seguidamente iniciado o charme das Forças de Defesa e Segurança (FDS), as incógnitas sobre a real situação no terreno naquela pequena cidade voltam a ser colocadas.
É que os tiroteios voltaram a ser realidade de todos os dias, com várias residências a serem diariamente incendiadas, e as poucas pessoas que ensaiavam o regresso estarem agora a fazer movimento contrário.
Estão, de novo, a sair da vila em direcção a Quitunda, ou outros locais considerados relativamente seguros. No grupo dos que fogem ouvem-se reiterados questionamentos sobre o que, efectivamente, está a acontecer na vila de Palma.
Na falta de respostas objectivas e esclarecedoras, a única certeza que as pessoas conseguiram construir a partir daquilo que observam, todos os dias, é que não existem condições de segurança para se regressar e viver na vila de Palma.
A título de exemplo, depois de a mesma realidade ter sido vista dias anteriores, na noite desta terça-feira, vários tiroteios foram ouvidos e muitas casas foram incendiadas. Porque tinha, localmente, circulado uma informação de “aviso prévio” sobre a necessidade de “toda a gente sair”, os deslocados que saíram de barco antes de anoitecer relatam ter conseguido visualizar chamas na vila, que corresponde a residências e outras infra-estruturas a arder.
De forma mais objectiva, dizem ter visto uma mesquita localizada à beira da praia em chamas. Outros refugiados, que conseguiram chegar a alguns pontos relativamente se[1]guros, a exemplo de Quitunda e Nangade, falam de circulação de insurgentes pela vila, entretanto, sem efectuar disparos. Alguns andam mesmo desarmados.
O que não se sabe dizer, exactamente, é se se trata de ataque terrorista ou acção das FDS, mas conseguem avançar que a “confusão” desta terça-feira começou quando eram 20 horas, com tiroteios esporádicos.
“Entraram em Palma quando eram 20 horas. Estavam a fazer destruição. Primeiro deram aviso, que a partir das 15 horas nenhuma pessoa devia estar na vila. As 20h começaram a queimar as casas. Sem disparar” – contou um dos deslocados que conseguiu chegar a Quitunda, local que continua a albergar número considerável de pessoas.
São vítimas que continuam a enfrentar piores momentos das suas vidas, tendo em conta que o Governo praticamente desapareceu daquele local, colocando as pessoas a depender única e exclusivamente de apoios de gente de boa vontade.
O apoio privado, de organizações nacionais e internacionais e das Nações Unidas inclui ainda a evacuação dos mais necessitados, a exemplo de doentes, mulheres grávidas, crianças e idosos, particularmente para assistência médica, tendo em conta a eclosão de doenças em Quitunda, numa altura que praticamente não existe qualquer assistência médica estatal.
Em relação à queima de casas das populações, que se verifica nos últimos dias, o Pinnacle News relatou, citando fontes locais, episódios em que elementos das FDS foram surpreendidos por antigos combatentes a incendiar residências das populações.
Nisto, relata aquele site de notícias, os referidos elementos das FDS foram posteriormente denunciados a superiores hierárquicos. A queixa dos antigos combatentes terá sido abordada nesta segunda-feira, entre estes e as chefias das FDS.
Na segunda-feira, também idos de Palma, chegaram à vila de Nangade, pouco mais de 60 pessoas, relatando cenários de horror vistos a partir de Palma até à chegada a Nangade.
MEDIA FaX – 29.04.2021