EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (57)
Presidente: sabe que não cheguei a precisar de queimar meus neurónios para perceber que Moçambique é um Estado falhado? Até o cobrador do “chapa” chega facilmente a esta conclusão. O caminho não é intrincado. É uma estrada única, simples. É como sair de Maputo à Ressano Garcia. Ninguém se perde. Somos um Estado falhado!
Ora- querendo passear um pouco a classe-, os pressupostos que definem um Estado Falhado à luz do direito internacional vão da capacidade de defender o território e pessoas à satisfação de necessidades básicas integradas no direito à alimentação, saúde e habitação.
Um Estado não pode deixar morrer o seu povo decapitado pelos “jihadistas”; não pode deixar esse mesmo povo dormir ao relento e sem nada para comer; não pode permitir que um grupelho-bem identificado- o transforme na sua vaca leiteira; não pode perder a confiança dos seus aliados internacionais por causa da roubalheira desenfreada de uma elite política baseada em Maputo; não pode deixar generalizar a corrupção na Saúde, Segurança Social, cartas de condução, atestados médicos e em tudo onde exista um poder, por pequeno que seja, de concessão, adjudicação, atribuição.
Um Governo que queira ser lembrado não pode congratular-se com a propaganda dos papagaios do costume em torno de conquistas que o povo nunca viu. Tem de ter a coragem de enfrentar os problemas e evitar que nos chamem- merecidamente- de um Estado Falhado.
É infindável o rosário de decisões abomináveis do seu Governo, Presidente, quando de guerra em Cabo Delgado se refere. É demolidor e serve de excelente trilha, como roteiro pormenorizado das aberrações praticadas. Os abutres da verborragia pavorosa que o cercam em nada ajudam. Ou melhor: é com eles que conta para afundar Moçambique. Desde quando a receber críticas sobre a má gestão da guerra em Cabo Delgado? Fez ouvidos moucos e o resultado está aí. Na monstruosidade de quase 300 mil mortos e milhares de deslocados. O Presidente e os seus amigos empurraram-nos a isto: um Estado vergonhosamente falhado!
DN – 30.04.2021