Não é a Renamo;
Não é o MDM;
Nem é a sociedade civil;
O que vai tirar a Frelimo do poder é a falta de emprego!
Quando um oficial americano perguntou Deng Xiaoping (pai da revolução industrial Chinesa) o que é que faz para manter o poder do Partido comunista, respondeu: empregos. Continuou: se nos próximos anos não conseguirmos criar 20 milhões de empregos, haverá revolução e o partido vai desaparecer. Essa ideia de Deng Xiaoping se preocupar com empregos é a mesma que me faz escrever este texto.
Em economia o emprego é a variável real e maior. Explico-me: se o produto interno bruto estiver a aumentar e o número de empregos manter se constante, significa que o país esta a importar mais produtos do que exportar (neste caso, a balança comercial é negative). E se o produto interno bruto aumentar e o nível de emprego manter se constante isso significa que o país esta exportar mais do que importar (balança comercial positiva); neste caso deve estar a exportar recursos minerais (nestes sectores o nível de emprego não é intensivo).
Esta é uma ilustração básica de como o emprego se relaciona com a produção nacional. Porém, existe uma explicação técnica. Numa economia existem três sectores: as famílias, as empresas e o estado [dividido entre a autoridade monetária (banco central) e autoridade fiscal (tesouro)]. No sector das famílias existem duas funções importantes: a função de trabalho-e-recreio (em inglês, labor-leisure equation) e a função de Euler. A primeira função mede a troca entre o numero de horas que um individuo brinca durante o dia, o numero de horas que trabalha e o consumo. A segunda equação mede a relação entre o consumo, a taxa de juros e a inflação esperada. Para o caso de Moçambique, a primeira equação é a mais importante, porque a maioria da população não tem acesso a empréstimos bancários (hipótese do rendimento permanente).
Se um individuo/famílias não têm nada para fazer (não tem emprego), tem mais tempo de recreio (ou mais tempo para pensar coisas fúteis). As perguntas a seguir devem ser respondidas por todos os membros do Partido Frelimo: o que faz um individuo assaltar telefones nas paragens? O que faz aquelas miúdas encherem na rua de Araújo? O que é que criou os insurgentes em Cabo Delgado? O que é que criou seguidores e membros da Renamo em todo o pais? O que é que criou membros descontentes dentro do Partido Frelimo? O que é que criou lambe botas, G40 e etc? Enquanto que os lambe botas e o G40 foram criados por ambição de poder, todos os outros que mencionei foram criados por falta de emprego.
O exposto acima demonstra claramente que o emprego deve ser o foco de mandato do governo (nos outros países é). Porquê? Porque emprego é igual a comida. Falar de emprego e falar de comida é mesma coisa. Quem não trabalha não deve comer. Um pai pode transmitir carinho e afeto para os seus filhos, mas se não consegue por pão na mesa, é pior que lúcifer. Portanto, o emprego é algo divino. Emprego é algo santo; Emprego é bom para Deus. Alias, um cidadão que não consegue por pão na mesa não deve ter filhos ou uma esposa. É esse o poder do emprego.
Se não estão convencidos com o que escrevi acima, vou cavar a parte técnica da macroeconomia. O sector das empresas é explicado pelo comportamento da Nova Curva Keynesian de Phillips (em inglês, New Keynesian Phillips Curve). Essa curva explica a relação entre a inflação atual, a inflação esperada e o nível de produção nacional. Enquanto que o emprego não entra diretamente na função do comportamento das empresa, entra através da função de produção nacional. As variáveis que compõem a produção nacional são: o capital [físico (estradas, pontes, hospitais, fábricas e etc), o emprego (numero de indivíduos empregados), a tenologia e a matéria prima (terra e etc.)]. A representação da função de produção chama-se função de produção Cob-Douglas (em inglês, Cob-Douglas production function). A representação simples da função Cob-Douglas deve conter o emprego enquanto todas as outras variáveis podem ser ignoradas. Alias, evidências empíricas revelam que a cota do emprego na produção nacional é de 33%. Esse número não é para ser ignorado. O emprego é o motor do bem estar social e a estabilidade politica de um país.
Por isso,
Quando o Presidente da República estiver a dormir, pense só e só nas formas de como criar empregos!
Quando os ministros estiverem naqueles escritórios grandes, pensem só e só nas formas de como criar empregos!
Quando os deputados da Frelimo estiverem a beber cerveja, pensem só e só nas formas de criar empregos!
Quando os administradores dos distritos, os presidentes dos municípios e etc. estiverem a pensar como se manterem no poder, pensem só e só nas formas de como criar empregos!
E em conjunto, pensem só e só nas formas de como criar empregos.
Esta é a vossa maior missão.
O emprego permite ao homem deixar de pensar o que é inútil e ocupar-se nas suas responsabilidades. Só o emprego irá manter a Frelimo no poder. Promessas e todo o tipo de controlo social não terá efeito. Um pai que não consegue por comida em casa é mais perigoso que um homem armado. Um jovem formado e desempregado é mais perigoso que todos os insurgentes juntos. Imagina um grupo destes indivíduos desempregados?
Se quiserem saber como criar empregos, esse é outro assunto, mas foquem-se em criar empregos. O futuro da Frelimo depende no número de empregos criados. Por isso, podem brincar com tudo, menos com o número de empregos. Não inventem números de empregos criados, se não tiverem, melhor não divulgar. Falar de um número de emprego que não corresponde à verdade é equivalente a um pai falar para os filhos que há comida na mesa enquanto só têm água. Ademais, quando existirem empregos, tudo o resto será consequência.
O emprego é uma variável real, enquanto que a produção e o consumo são nominais e podem ser transformadas em reais (depois de descontar a taxa de inflação). Emprego é algo sério e real. Se a Frelimo quer manter se no poder, foquem-se em criar empregos.
Abraços,
ELM Pangara