Por Francisco Nota Moisés
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Download Le Monde du Mercredi 19 Mai 2021
"... Agora somente os ditadores Kagame e Felipe Nyusi de Moçambique, cada um deles enfrentando desafios de segurança, parecem se entender e estarem de mãos dadas. Kagame quer eliminar fugitivos rwandeses que estão em Moçambique em troca de apoio militar contra os rebeldes do Norte e também do centro que Nyusi quer de Kigali. ..."
Depois da sua saltada a Kigali onde o presidente francês Emmanuel Macron reconheceu a responsabilidade do seu pais for ter apoiado o regime Hutu de Juvenal Habyarimana e pelo dito genocídio sem admitir cumplicidade no genocídio, ele rumou para Pretória para um encontro com Cyril Ramaphosa, o presidente sul africano, que parece ser um dos poucos presidentes razoáveis africanos. Porque é que ele não foi a Maputo para um encontro com Felipe Nyusi? Será que os camaradas da Frelimo não o convidaram ou ele próprio não sugeriu a Nyusi que o convidasse para Maputo para ambos se integrarem da situação de guerra em Cabo Delgado e para os dois darem uma saltada a Palma e Afungi?
A propaganda da Frelimo sobre a ida do Nyusi a Paris foi enorme. Deu-nos a entender que Nyusi ia de visita oficial enquanto na verdade ele ia participar numa conferência sobre a economia de países africanos, coisa que o camarada Xi Jinping da China Popular e Putin, o novo czar da Rússia, já fizeram com dirigentes africanos visto que cada um deles quer controlar os recursos africanos. Somente os anglo-saxões da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos ainda não se meteram nisto.
Os grandes da Frelimo que são os donos do comércio da droga no Norte que passava por Palma e Mocímboa da Praia, e agora só passa por Pemba, evitam que soldadinhos da chamada SADC se rumem para o Norte por receio de que os guerreiros dos seus vizinho poderão descobrir que é a Frelimo que é o dona do comércio da droga que vem do Afeganistão, do Paquistão e da India e que possam na verdade combater e destruir o seu comercio que a actividade dos rebeldes interrompeu parcialmente.
Macron sabe disto. Anda informado sobre isto e sobre o caracter instável de Felipe Nyusi. É possível que Cyril Ramaphosa lhe tenha dito algo sobre o assunto do comércio da droga dos frelimistas e sobre Nyusi.
E que ninguém pense que Macron e Paul Kagame são agora amigos. Longe disto.
O facto de que Nyusi quer agora envolver os militares tutsis de Kagame no combate contra os rebeldes coloca o líder francês numa situação difícil e afasta-o mais e mais do regime nyusista. A ideia de que os militares do Kagame venham a fornecer a segurança para a TOTAL em Afungi não será aceitável nem pelo governo de Macron nem pela própria Total.
E émuito improvável que Macron envie Legionários franceses para lá. Enquanto em Pretória ele só falou da marinha do seu pais patrulhar o Indico ao longo do litoral moçambicano. E também a Franca está envolvida em varias guerras que não a perder no Afeganistão, no Chade, no Níger e no Mali onde militares doutros países da OTAN estão a auxiliar os franceses. Guerras de guerrilha são muito difíceis para soldados regulares do Ocidente. Quaisquer soldados que se envolvão na guerra do Norte entrarão numa armadilha da qual não serão capazes de sair ilesos.
Quanto à guerra do Norte o regime da Frelimo está encravado e continua a se enterrar na lama da guerra que a sua desgovernação causou no Norte.