Por Francisco Nota Moisés
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Download Le Monde du Mercredi 19 Mai 2021
PS: Com grande destaque para o Rwanda
"... O último salto nesta guerra fria entre Rwanda e a França e o documento de investigação por um grupo de historiadores intentos em satisfazer Kagame que não menciona o genocídio do regime de Kagame contra os Hutus. E Kagame está satisfeito com o tal documento, embora ele não reconheça que a França estava envolvida no chacina de Tutsis. De acordo com esta edição de Le Monde, o presidente Macron visita Rwanda este Maio corrente com vista a descongelar mais as relações entre os dois países."
Como o Le Monde (19.05.2021) tinha dito que o presidente Emmanuel Macron iria a Rwanda neste mês de Maio quase a findar, o chefe de estado francês esteve em Kigali alguns dias atrás durante um curto prazo de tempo quando foi levado ao tal museu do genocídio Hutu contra os Tutsis na companhia de Paul Kagame, o ditador rwandês e autor do outro genocídio da sua tropa contra fugitivos Hutus nas florestas do Congo. Macron reconheceu a "responsabilidade" do seu país por ter apoiado o regime Hutu de Juvenal Habyarimana e pelo genocídio sem todavia pedir perdão para não antagonizar a direita e os militares franceses.
Quanto ao outro genocídio de Kagame contra os Hutus no Congo, imagens de satélite então citadas pelas Nações que apelavam para a proteção daqueles infelizes que o então autoimposto regime de Kagame apelidava de genocidaires, uma palavra que praticamente não tem o seu equivalente em inglês e em português para além de perpetradores de genocídio, revelavam grandes multidões de Hutus no total de 250,000 ou mais. Sem dúvida que havia alguns genocidaires entre aqueles fugitivos, mas a maioria era Hutus apavorados pelo terror khmer rouge-esco da chamada Frente Patriótica de Rwanda tutsi de Paul Kagame.
Com a cumplicidade do regime de Laurent Kabila, o ditador congolês que se impos como presidente em Kinshasa com o apoio de Rwanda e Uganda, que lhe ajudaram a destronar o regime caduco e retrogrado de Joseph Mobutu Kuku Nguendu wa Zabanga, cujo nome colonial era Joseph Desire Mobutu, as forças do Kagame e de Kabila perseguiram e liquidaram quase todos aqueles hutus. Mas, mais tarde Kabila expulsou os tutsis do Kagame de Kinshasa e ordenou a sua própria chacina de Tutsis no seu território.
Não há duvida que Kagame é um génio do mal. Conseguiu humilhar o presidente Bill Clinton que chegou em Kigali um pouco depois de Kagame se ter colocado no poder e ele ralhou a Clinton por não ter agido quando o tal genocídio dos tutsis tomava lugar. Clinton ficou visivelmente envergonhado, sentindo-se culpado, e foi incapaz de mandar Kagame passear. Aquele tempo, Kagame e o seu então mano Museveni, ditador de Uganda, eram os meninos bonitos dos Estados Unidos que queriam ver a influencia do seu aliado, a Franca, destronada da região dos Grandes Lagos, e também do Reino Unido que pensava que o novo regime rwandês dançaria ao tom da sua musica. O Reino Unido ficou satisfeito quando Kagame desterrou o francês de Rwanda e impos o inglês e se aderiu a Commonwealth britânica. Em pouco tempo o Reino Unido descobriu que o seu menino em Kigali não era na verdade o seu fantoche, mas um homem com atitudes muito arrogantes e independentes.
Mas a chegada ao poder de Barack Obama nos Estados veio afastar os americanos do Kagame. Obama apelou para que os países africanos se democratizassem, coisa que nenhuma ditadura africana acatou excepto Gana. A atitude de Obama neutralizou o apoio americano para o regime do ditador rwandês. Dai que o regime rwandês tem tentado se aproximar da Franca para estabelecer relações diplomáticas que tinham cessado como resultado da fricção entre os dois países a partir do tempo que Kagame se implantou como o líder incontestável e vitalício de Rwanda .
Os ditadores Museveni de Uganda e Kagame agora não se dão visto que Kagame cuja rebelião contra o regime Hutu partiu de Uganda e foi apoiada pelo regime de Museveni não quis se considerar como o miúdo do Museveni. A um dado momento, a tensão entres as duas ditaduras montou e pairou a ameaça de guerra entre os dois antigos aliados. O regime de Kagame hoje acusa o regime de Museveni de estar a apoiar rebeldes que segundo Kigali actuam em Rwanda. Kagame também acusou o vizinho Burundi de permitir rebeldes rwandeses para operar contra o seu regime.
Africa do Sul não atura o regime de Kagame que perseguiu e engenheirou o assassinato de alguns dissidentes rwandeses no seu território e alberga outros opositores a Kagame.
Agora somente os ditadores Kagame e Felipe Nyusi de Moçambique, cada um deles enfrentando desafios de segurança, parecem se entender e estarem de mãos dadas. Kagame quer eliminar fugitivos rwandeses que estão em Moçambique em troca de apoio militar contra os rebeldes do Norte e também do centro que Nyusi quer de Kigali.
O ditador Emmerson Mnangagwa do Zimbabwe ficou no frio visto que Macron não o convidou para a reunião de Paris por seu país estar sob sanções decretadas pelos países ocidentais por causa das suas violações de direitos humanos, principalmente contra os farmeiros brancos.