Nas vésperas de mais uma sessão do Comité Central da FRELIMO, que se realiza no fim-de-semana, a questão do tribalismo e regionalismo nos processos de sucessão e ascensão ao poder volta a dominar as conversas nos corredores digitais e não só. “Carta” faz o enquadramento da problemática, amplificando uma discussão que é, afinal, nacional.
O problema do regionalismo na governação no Moçambique actual tem bases que remontam à criação da FRELIMO em 1962 e à construção do imaginário da nação moçambicana. Ora, com o surgimento das primeiras zonas libertadas, nos anos 70, a FRELIMO encontrava terreno para implantar a ideia do homem novo. Tratava-se de um projecto de construção do Moçambique Novo, que visava destruir as ideias e hábitos corruptos herdados do passado, eliminação da superstição, promoção de uma cultura nacional, banir o elitismo e o individualismo.
Como alternativa de combate às diferenças étnicas e tribais, a FRELIMO procurou organizar os seus destacamentos, aglutinando indivíduos provenientes de diferentes regiões do país como fortalecimento do conhecimento mútuo e cultivo de solidariedade. Este projecto político visava uma sociedade baseada na partilha conjunta, cancelando qualquer tentativa tribalista, racial ou regional que sempre esteve eminente desde 1962.