É esta a questão para a qual o governo não tem ainda uma resposta clara, dizem analistas. Na cimeira da SADC desta quinta-feira (27.05), a África do Sul deverá pressionar para uma intervenção militar no norte do país.
A cimeira extraordinária da dupla troika da SADC para discutir a insurgência em Cabo Delgado tem lugar esta quinta-feira (27.05), em Maputo.
As agências internacionais de notícias estão a avançar que a ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros, Naled Pandor, vai pressionar para a realização de uma intervenção militar no norte de Moçambique. Aliás, Naled Pandor disse que, em setembro, irá às Nações Unidas pedir uma intervenção militar para o país para prevenir o alastramento do radicalismo pela região.
No entanto, na opinião do jornalista Fernando Lima, em Moçambique "não há ainda clareza e há forças diversas e com diversas opiniões sobre esta questão".
"Misto de intervenção"
Existe um dilema no país, acrescenta o jornalista: "Estou certo que o Presidente Nyusi, como fez com Afonso Dlhakama e à maneira de lidar com Afonso Dlhakama, vai dar o braço a torcer aos conservadores e haverá um misto de intervenção em Moçambique."
Falando ao canal privado STV, Fernando Lima defende que a ajuda externa deve ter um sustentáculo para que não caia para o lado dos insurgentes.
"Mas nós teremos de responder por exemplo a um questionamento dos planos dos sul-africanos que diziam: muito bem nós damos a ajuda militar, mas quem sustém e quem garante que essa ajuda militar não cai do outro lado? Essa ajuda militar tem que vir, mas tem que vir com elementos que sustenham essa ajuda militar", alerta.
Que tipo de intervenção se quer?
Também o analista e jornalista Lázaro Mabunda diz não ter dúvidas de que ainda não está claro que tipo de intervenção se quer em Moçambique.
"Acho que este é que é o problema porque a própria troika, por um lado, tem lançado algumas ideias de que tem de existir uma intervenção militar. Mas não me parece que Moçambique esteja preparado ou esteja claro sobre que tipo de intervenção precisa neste momento. Acho que esse é que é o maior problema", afirma.
Lázaro Mabunda desconfia que dentro da FRELIMO, o partido no poder, haja ideias diferentes sobre esta questão: "Há um grupo que fala da questão militar, mas há outro que acha que a intervenção militar não faz sentido".
E acrescenta: "O próprio Presidente da República dá exemplo de que Moçambique ajudou os outros países, mas não diz em que ajudou. Mas Moçambique também recebeu ajuda de alguns países e se formos a olhar o tipo de ajuda foi misto".
DW - 26.05.2021