Por Edwin Hounnou
Trovador era aquela pessoa que escrevia poesias líricas e satíricas, e as cantava de cidade em cidade, para criticar ou exaltar ou feitos da sociedade. O trovadorismo foi um movimento cultural que surgiu entre os séculos XI-XIII, no Sul da França e se espalhou pelo resto da Europa. O trovador era um indivíduo de origem nobre, cantava nos palácios, cortes, castelos e cidades para divertir, criticar, alegrar, animar as festa dos reis, príncipes e, em geral, da nobreza da época, tal como Filipe Nyusi tem feito. Os instrumentos musicais de um trovador eram a cistre, flautas, violinos e clarinetes.
O Presidente Filipe Nyusi, esteve, entre os dias 17 a 19 de Maio, em França, onde conferenciou com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a situação de segurança, em Cabo Delgado. Nyusi apareceu com uma postura diferente da que nos habituou, quando se trata de como o país deve enfrentar a guerra terrorista de Cabo Delgado. Para que não houvesse dúvidas, Nyusi disse que o seu governo nunca recusou apoio militar estrangeiro. Não é segredo que os ministros da Defesa e do Interior, respectivamente Jaime Neto e Amade Miquidade, têm repetido que Moçambique não preciso de apoio militar em tropas e, até, dão exemplos que os Estados Unidos e a França enviaram suas tropas para o estrangeiro e depois de tantos anos não conseguiram derrotar o terrorismo e não retiraram desses países os seus contingentes militares devido a riquezas naturais dos países hospedeiros. Isso constitui uma grande mentira.
Os autores dessas teorias julgam que convencem a toda a gente com argumentos esfarrapados e chamam de meninos de recados aos que clamam pelo socorro imediata para que os terroristas não continuem a matar inocentes. Dizem ainda, instruídos pelo seu comandante-chefe, que a vinda de tropas estrangeiras comprometeria a soberania nacional. Estes argumentos são absurdos.
Vemos os terroristas a darem verdadeiros shows às forças nacionais por serem fracas, mal treinadas, mal equipadas e ostracizadas durante vários anos, por motivos políticos de algum grupo pretender se perpetuar no poder, transferindo o poder bélico do exército para a polícia por esta possuir a uma aparente legitimidade de perseguir, prender e torturar, em épocas eleitorais, os concorrentes ao partido no governamental. Como resultado dessa prática, temos um exército vulgarizado, as vidas dos nossos jovens ceifadas em defesa de interesses obscuros de um punhado de indivíduos.
Nyusi mentiu, à maneira do apóstolo de Pedro que disse, por três vezes, que não conhecia Jesus de lado nenhum, antes que o galo cantasse. Os membros da Comissão Política do Partido Frelimo e do secretariado espalharam-se pelas províncias a fim de disseminarem a de recusa da vinda de tropas estrangeiras para debelarem a marcha, quase triunfal, dos terroristas que, com poucos esforços, ocupam vilas de sedes distritais, destroem infraesturas, raptam, decapitam as suas vítimas e provocam deslocados. Mesmo assim, continuamos a ouvir de pessoas de barrigas avantajadas a dizerem que a situação está controlada, por isso, dispensa apoios de tropas estrangeiras. Assim, os terroristas continuam a atacar centros nevrálgicos da economia, forçou a TOTAL a interromper a base da exploração do gás liquefeito, LNG, em Afungi, em Palma Cabo Delgado e entraram em Palma sem muita dificuldade notável e continuam ataques a haver esporádicos. As pessoas continuam a chegar a Pemba e a outros locais considerados seguros, entregues à sua sorte.
O próprio Nyusi tem dito vezes sem conta que devem ser os moçambicanos a defender o seu país, repetido e ovacionado pelos seus acólitos. Aí, estamos juntos, mas o nosso exército não aguentam com a barra e as populações continuam sendo os principais alvos dos terroristas. O socorro tem que chegar de algum lugar. A soberania não defende o povo nem garante a inviolabilidade das fronteiras nacionais. Apenas um exército bem treinado, equipado e moralizado pode assegurar a integridade das fronteiras de um país. Os discursos mal elaborados só provocam confusões nas pessoas.
Não é o orgulho infundado nem o grupo coral que nos podem deixar tranquilos. Nyusi tem que dizer, de maneira e inequívoca, que o país precisa, sim, de apoio logístico e treinamento das tropas por parte de países amigos, antes que seja tarde demais. No encontro da SADC, em Gaberone, Botswana, o Governo de Nyusi envergonhou todo o país porque transmitiu um sinal claro de que o governo não sabe o que desejam nem como alcançar os objectivos. Acreditamos, profundamente, que a gazeta dos presidente da África do Sul e Botswana, em Maputo, deveu-se às incongruências do governo de Nyusi e não ao que, na ocasião, se alegou. O grupo que assessora o presidente Nyusi está a enterrar o nosso país.
Os líderes dos países vizinhos queriam saber que tipo de ajuda Moçambique precisa para combater os terroristas e o Governo não soube dizer nada. Foi uma frustração para os que convocaram a reunião. Se não precisa de apoio militar, que tipo de apoio precisa? Não foi capaz de dizer aos seus pares em Gaberone. Como tendo apoio gratuito, o governo prefere sacrificar o pouco que resta para pagar a mercenários? Não entendemos esta estratégia o que nos leva nos a duvidar de que alguém, com muito poder, decidiu de tal modo a fim de tirar dividendos económicos da situação. É isso que trama o nosso país e nos deixa na sarjeta. Os que decidem ao nível mais alto sempre o fazem em benefício próprio e não pensam no interesse nacional.
Nyusi não nos houve e até nos chama de meninos de recados, mas em Paris onde estavam os verdadeiros patrões do Governo e de Moçambique, Nyusi não hesitou em dizer que nunca o país recusou apoio externo. Estamos à espera para ver que tipo de apoios o governo aceita. Nyusi até reconheceu que nenhum país é capaz de, sozinho, combater o terrorismo. É isso o que temos vindo a dizer que nos tem valido adjectivos pejorativos. Despreza os nossos conselhos porque somos povo, mas quando chegou a Paris ouviu os mesmos conselhos e caiu de costas.
Nunca duvidamos de que iria chegar o dia em que o governo ia seguir os nossos conselhos por serem razoáveis na defesa da pátria. Há muito que o mundo quer ajudar Moçambique mas as autoridades do nosso país nunca abriram as portas. Eles não confiam em ninguém. O que Moçambique trouxe do Zimbabwe e de Uganda quando enviaram as suas tropas para esses países? Cabo Delgado tem mais de dois milhões de habitantes e deste número, 50 por cento são deslocados. Não é o governo que os acolhe e os alimenta. A maioria foi acolhida por familiares e conhecidos, em Pemba e em outros lugares. Este governo não serve mesmo para nada por dizer que não precisa de apoios. É uma vergonha um país como o nosso ser dirigido por piratas.
Em Paris estiveram os patrões de Filipe Nyusi e em Moçambique - o boss da Total, os líderes do Banco Mundial e outros líderes europeus. A imprensa mundial queria ver e ouvir esse tal de Nyusi que nega apoios enquanto o seu povo está a ser morto por terroristas. E aí o tal de Nyusi teve medo e disse que nunca chegou apoios. A cantiga de soberania nacional é só para o consumo interno. Lá fora não cantou, meteu a sua viola no saco. A viola que toca para nós, em Paris não foi vista.Jm
Nyusi é um artista, um simples trovador que compõe toca e canta canções líricas para agradar a sua malta que com ele comem e se dispõem dos do nosso. Moçambique não terá futuro nenhum enquanto for governado por corruptos, mafiosos e trovadores.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 26.05.2021