Presidente moçambicano disse hoje (22.05) que país precisa e quer apoios para combater o terrorismo. Filipe Nyusi anunciou também a realização da cimeira extraordinária da Troika, da SADC.
"Nós precisamos e queremos apoios, sem proclamarmos a nossa resignação neste processo de defesa da pátria e da nossa liberdade", declarou o chefe de Estado moçambicano na abertura da IV sessão do Comité Central (CC) da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder no país, do qual Filipe Nyusi é também presidente.
Os 250 membros do Comité Central da FRELIMO reúnem-se hoje (22.05) e domingo (23.05) no primeiro encontro desde as eleições de 2019. O encontro do órgão máximo do partido entre congressos foi adiado desde há um ano devido às restrições para prevenção da Covid-19 e é agora possível graças a um aliviar das medidas.
Na agenda do encontro estão o terrorismo em Cabo Delgado, no norte do país, os ataques da Junta Militar, no centro, os impactos dos ciclones Idai e Kenneth e da pandemia da Covid-19. Também haverá espaço para a debater-se a exploração de recursos naturais no país.
O presidente da FRELIMO, Filipe Nyusi, começou por anunciar a realização na próxima semana, em Maputo, da Cimeira Extraordinária da Troika da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), para analisar a questão do terrorismo em Cabo Delgado.
"Contra crítica"
Filipe Nyusi fez uma contra crítica aos que afirmam que o Governo descartou ajuda para combater os insurgentes, rebatendo que a cimeira da próxima semana "terá como tema central a situação de segurança em Moçambique contrariamente aos que dizem teimosamente que o país não precisa de apoios".
Nyusi reiterou e mostrou aos críticos que "nós precisamos e queremos apoios sem proclamarmos a nossa resignação neste processo de defesa da pátria e da nossa liberdade", disse. O líder moçambicano reconheceu ainda que o terrorismo continua a ser "a grande ameaça à soberania nacional e à integridade territorial nas zonas afetadas".
O partido no poder também criticou a Junta Militar, que continua a recusar a abraçar o processo do Desarmamento Desmobilização e Reintegração (DDR) no quadro do diálogo com a liderança da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição.
A FRELIMO destacou ainda alguns avanços como o desmantelamento de dez bases da RENAMO. Desde o início do DDR, em 2020, de um total de 5.221 guerrilheiros, 2.307 foram abrangidos no processo - o que corresponde a pouco mais de 40%.
O líder do partido no poder apelou aos elementos da Junta Militar que continuam nas matas do centro do país a abandonar a violência e à liderança da RENAMO e "a continuar a persuadir os seus seguidores aderirem ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração sem manobras e nem pré-condições".
Moçambique, principal ator no mercado de gás em 2022
No setor de hidrocarbonetos, houve progressos na construção da plataforma flutuante da produção de gás liquefeito, no norte de Moçambique, com um nível de execução próximo de 80% "o que garante que o nosso país passa a ser importante ator no mercado de petróleo e gás já a partir de 2022", acrescentou Nyusi.
O partido no Governo comprometeu-se a continuar a viabilizar neste quinquênio a exploração sustentável das reservas de gás natural, sobretudo em Cabo Delgado e Inhambane, na região de Temane, que "abrem novos caminhos para o desenvolvimento no nosso país", disse Nyusi.
Por outro lado, a economia moçambicana retraiu no geral por causa da pandemia de Covid-19, e que afetou vários setores, como o turismo, onde houve recuo de 23%, a extração mineira, afetada em 16%, e os transportes, a 2%.
O analista político Tomas Viera Mario considera que os desafios de governação deverão mexer muito com a reunião do Comité Central. "Haverá questões prioritárias, nomeadamente, um debate que deverá ser profundo diz respeito aos desafios de governação", disse.
"Parece-me que há aspectos de natureza estrutural importantes que devem anteceder a questão da sucessão", frisou.
Falando ao canal STV, parceira da DW, ele destacou que a reunião vai analisar "como uma situação como esta que levou o país ao endividamento fora da lei constitucional, e como a FRELIMO se prepara para que isso no futuro não se repita".
A IV sessão do Comité Central (CC) da FRELIMO termina neste domingo (23.05) com medidas de restrições por causa da pandemia do coronavírus, e que impediram a cobertura do evento por parte da imprensa.
DW – 22.05.2021