Por Edwin Hounnou
Desde os seus primórdios, tanto como frente até ao presente momento como partido, a Frelimo sempre foi um problema para uma boa convivência entre os moçambicanos. As práticas que ocorreram e ainda ocorrem demonstram que a Frelimo é um problema que tem vindo a semear convulsões politicas, discriminação com base em filiação partidária, tribalismo, promove incompetência e institui o racismo e os factos falam mais alto que os discursos. Assassinatos e perseguições fazem parte da história da FRELIMO (frente) tribalista e regionalista de ontem e Frelimo (partido) dos corruptos e do calote. A Frelimo dos tribalistas, racistas e assassinos está a estuprar a nossa História de modo a satisfazer as ambições das suas elites político-económicas.
Golpe interno que se consubstanciou numa luta pelo poder que explica o triunvirato (Uria Simango, Marcelino dos Santos e Samora Machel) formado a seguir ao assassinato de Eduardo Mondlane, que visava impedir que Uria Simango, de etnia ndau, chegasse à presidência. Pelos estatutos da FRELIMO, Simango deveria ter sido conduzido ao cargo de presidente, mas, ao invés de respeitar os estatutos, optaram por confiná-lo num triunvirato para o sufocar. Os tribalistas socorrendo-se de um palavreado revolucionário, acusaram Simango de ambicioso e cúmplice na morte do Doutor Eduardo Mondlane e assassinado, em 1977, no Niassa em local desconhecido. Marcelino dos Santos morreu sem nunca ter explicado as razões que pesaram para não ter chegado a presidente depois de Samora Machel, porém, sabemos que se deveu à cor da sua pele.
As estorietas de que os outros eram reacionários e tribalistas que andavam a ensinar não passavam de uma peça teatral montada pelos ambiciosos sulistas infiltrados no movimento de libertação que acabaram assaltando o poder, impondo ao povo moçambicano, as suas ambições. Agora, sabe-se que toda aquela música visava apenas chegar ao poder, nada tem a ver com o que andavam a dizer contra os ‘reacionários’ que viam o futuro do país para além dos seus interesses. Como resultado disso, não tardou, a seguir a independência, que o país mergulhasse em guerra (1976-1992) que ceifou vários milhares de vidas, destruiu economia e deitou abaixo infraestruturas.
A veia sanguinária dos tribalistas continuou a matar outros compatriotas, mesmo depois da independência, ignorando todas as instituições da justiça instaladas em todo o território, tais como os tribunais e Ministério Público. As instituições de justiça têm validade jurídica apenas em Estado de Direito e Democrático e não em regimes de ditaduras, seja de esquerda ou da Direito, como era no nosso caso em que tanto o Ministério Público como os tribunais não passavam de sucursais do partido governamental. Esta relação de subordinação ainda prevalece até aos dias de hoje.
A direcção do partido estava acima dos tribunais e mandaava matar a quem fosse a quem achasse seu inimigo e até recusava o pedido de perdão formulado pelo Papa para comutar a pena de morte em prisão perpétua e isso demonstra o quão impiedoso era o grupo. Mataram vários concidadãos sem o veredicto de nenhum tribunal legal.
Comparando entre a ditadura frelimista do Apartheid, somos forçados a concluir que o segundo foi menos cruel. Se o Apartheid fosse igual ao regime ao dos tribalistas frelimistas, Nelson Mandela e seus companheiros teriam sido eliminados durante o cativeiro. Depois de 27 anos de prisão, Mandela tornou-se no primeiro presidente de uma África do Sul democrática, enquanto entre nós, os que pensam diferente são considerados inimigos e, sem piedade, eliminados.
O Reverendo Uria Simango, Dr. João Unhay, Padre Mateus Gwengere, Nzee Lázaro Nkavandame, a mamã Selinah Simango e tantos outros compatriotas tiveram que passar pelo crivo das armas. Foram jogados à cova com lenha, regados com gasolina e queimados vivos até morte, ao som de canções revolucionárias. Outros foram recolhidos para campos de reeducação, à maneira stalinista, de onde nunca mais voltaram ao convívio familiar. Os tribalistas não permitiram que as suas vítimas desfrutassem da independência pela qual também lutaram e deram o melhor de si. E mais, nem tiveram a oportunidade de se defenderem perante tamanha violação do seu Direito à vida. Um sistema político que promove terrorismo de estado não assegura um desenvolvimento socioeconómico do país nem justiça social e isso explica que Moçambique nunca tenha conseguido viver em paz.
O acesso a oportunidades de negócio está reservado apenas às elites do partido no poder. A não pertença ao partido governamental, constitui uma condição sine qua non para ficar de fora do banquete. Depois de três presidentes consecutivos do sul (Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza), agora a escolha é com base na sua origem regional e não pela qualidade e competência. Estamos preocupados que o presidente da Frelimo sempre tem sido o presidente de Moçambique. Em monarquias arcaicas em que a escolha do rei é pela sequência, seja ele incompetente ou boçal. O tribalismo, racismo, tribalismo e o regionalismo repercutem-se pelo país. A competência e conhecimento não entram na equação da escolha de quem vai ser o nosso presidente.
Temos quadros à altura dos details do país, por isso, n devemos aceitar que a escolha dos dirigentes seja com base em região, tribo ou na cor da pele. A fase difícil por que passamos se deve a essa miopia de que agora é a nossa vez de comer. O país precisa de dirigentes competentes e os nomes badalados, pelo menos ao nível do partido no poder, não servem. Uns estão comprometidos com rombos financeiros à banca (BCM e Banco Austral) e abriram as portas do Tesouro para saquearem dinheiro, como forma de estimular o surgimento da burguesia nacional. Outros têm as mãos ensanguentadas, por terem mandado assassinar mais de 130 membros da Renamo em Montepuez, quando protestavam contra fraudes ocorridas nas eleições gerais e presidenciais de 1999, vencidas, claramente, pela Renamo e Afonso Dhlakama, a 09 de Novembro de 2000.
Outros que almejam o cadeirão da presidência declararam que ganharam várias dezenas de milhões de dólares em comissões na reversão da Hidroelétrica de Cahora Bassa.
O país tem várias alternativas à disposição para escolher dirigentes sérios. Não se pode continuar a apostar em indivíduos que abriram as portas para que ladrões roubassem fundos públicos, assassinos matassem nossos irmãos e os comissionistas sem escrúpulos ficassem podres de dinheiro. Como não há critérios objectivos na escolha de dirigentes, ainda nos debatemos com problemas primários como a cor da pele, região, tribo ou a proveniência dos futuros dirigentes. Por onde aqueles que se julgam guardiões dos mais altos valores da pátria? Devem ter a boca cheia de bife que o diabo lhes ofereceu.
O país tem gente com provas dadas de competência, conhecimento e com as mãos limpas. Não roubou nada ao país nem matou a ninguém. Descartemo-nos de oportunistas que querem o poder a qualquer preço. Não admitamos um terceiro mandato que Nyusi parece arquitetar com fundamentos esfarrapados. Precisamos de gente com capacidade para trazer a paz e evitar situações de guerras, assaltos dos nossos recursos por potências estrangeiras. O povo tem que se valorizar, colocando no poder pessoas que vão servir o país, afastando os tribalistas, assassinos, regionalistas, racistas e caloteiros que estão de olhos avermelhados pelo poder, mas capacidade nem competência conhecida para colocar o país nos carris do desenvolvimento e da paz.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 23.07.2021