Resumo
Neste artigo, usamos ‘diários de governação’ para analisar as interações entre pessoas pobres e autoridades em contextos de Fragilidade, Conflitos e Violência (FCVAS) em Moçambique. Questionamos os significados de empoderamento e responsabilização, sob ponto de vista de pessoas pobres e marginalizadas, e procuramos perceber como essas pessoas vêem as instituições que as governam, incluindo as que as providenciam bens e serviços básicos, entre os quais os de saúde e segurança. As conclusões mostram que, mesmo que as percepções e, com elas, os conceitos de empoderamento e responsabilização que emergiram, não difiram significativamente dos identificados na literatura, em termos de ação e mobilização há diferenças. Constatamos que, nos nossos locais de pesquisa, as pessoas raramente se mobilizam, mesmo com a má prestação de serviços básicos e a prevalência de injustiças. Muitos consideram-se 'incapazes' de influenciar ou forçar as 'autoridades' a responderem às suas preocupações e demandas. Por 'Autoridade Pública' entendem qualquer entidade ou pessoa capaz de resolver os problemas da comunidade, enquanto Estado, geralmente reconhecido como 'Autoridade', é percebido como indistinto do Partido Frelimo e do Governo, mas também é visto como um pai, embora ausente, e aquele que se esquece e abandona os seus filhos.
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