Angola deve aos operadores de campos de petróleo estrangeiros cerca de US$ 1 bilhão, informou a Reuters, citando fontes não identificadas, acrescentando que esse nível de dívida havia forçado o país a colocar em risco as participações à venda em vários blocos de petróleo e gás offshore.
A Sonangol anunciou a licitação para as participações em meados de junho e muitos a viram como um teste para a indústria petrolífera, que se tornou muito mais cautelosa com seus investimentos em meio à crescente pressão do governo e dos acionistas para se tornar mais responsável ambientalmente.
"A Sonangol não conseguiu cumprir suas necessidades financeiras em alguns dos blocos que mais precisam de investimento", disse uma fonte do setor bancário à Reuters.
A estatal no início deste mês vendeu as participações que detinha em oito blocos offshore dizendo que a mudança era parte de uma reavaliação de seu portfólio. Também visava garantir que a Sonangol pudesse cumprir suas metas de exploração e produção, disse o presidente do comitê executivo da empresa na época, conforme citado pela Xinhua.
A Sonangol tem necessidades financeiras de US$ 7 bilhões até 2027, segundo o diretor executivo Joaquim de Sousa Fernandes. Estes estão relacionados ao desenvolvimento de campo, manutenção de equipamentos e pagamentos de dívidas aos bancos e em chamadas em dinheiro.
A dívida com operadores de campo estrangeiros foi acumulada ao longo dos últimos anos, que foram marcadas pelo investimento insuficiente na manutenção de campos produtores por parte da Sonangol. Em seguida, a pandemia do ano passado piorou uma situação já ruim, tornando ainda mais difícil para a Sonangol cumprir suas obrigações contratuais com operadores de campo estrangeiros, que incluem os supermajors Eni, BP, Exxon e Chevron.
"As empresas internacionais têm sido muito tolerantes... declarar um default colocaria a Sonangol em uma posição de não votação dentro da concessão e quando você está lidando com um país anfitrião que é muito delicado", disse a fonte bancária da Reuters.
Por Irina Slav para Oilprice.com