Boa tarde Dona Anabela,
Peço desculpa do atraso na resposta, aquilo que lhe posso responder é com dados técnicos e científicos às suas questões, quanto ao consumo de água pelas plantações de eucaliptos, efectivamente é uma planta muito eficiente na utilização da água e quando não tem espécies e pragas que lhe travem o crescimento apresenta bons crescimentos, é o caso da Zambézia em Moçambique.
Tem conhecimento que na Austrália os ecologistas protegem a todo o custo as florestas nativas de eucalipto e fazem grandes guerras contra as plantações de pinheiro??
Os 11 000 ha que a Portucel Moçambique plantou na Zambézia eram áreas que nunca foram de agricultura, eram áreas que a corrupção do governo Frelimo deixou cortar a floresta nativa e limpou todas as árvores com valor comercial, toda essa madeira foi metida em contentores, o Porto de Quelimane quase só operava com madeira em toro nos contentores que foram para a China.
A população local nada beneficiou desses milhões de usd de madeira que a Frelimo fez desaparecer nos meandros da corrupção do Maputo, o colono ao fim de 500 anos deixou áreas intactas de floresta que o Frelimo conseguiu destruir desde 1992 até hoje, o corte de madeira descontrolado ainda não acabou só abrandou.
As áreas plantadas pela Portucel Moçambique foram áreas de mato que tinham sido espoliadas das grandes árvores, manchas mais densas da floresta autóctone foram preservadas, assim como, as linhas de água a plantação de eucaliptos foi efectuada em mosaico, dificilmente encontra áreas contínuas com mais de 100 hectares.
As populações locais diziam que os terrenos eram deles, mas o governo Frelimo nunca lhes deu títulos de propriedade, como tal a Portucel efectuou acordos com essas pessoas que se diziam donas dos terrenos, quando na realidade todo o terreno de Moçambique pertence ao governo e o governo pertence à Frelimo já lá vão 46 anos.
Quanto ao consumo de água tem algum estudo que lhe permita afirmar que o eucalipto consome mais água que as florestas nativas?? Aquilo que eu tenho a certeza é que a evapotranspiração de uma plantação de eucalipto é muito inferior a um plantação de banana, em Gaza existem muito mais que 11 000 ha plantados de banana e não vemos a JA, a falar que as bananas consomem muita água, as precipitações em Gaza são muito inferiores às precipitações anuais da Zambézia.
Só para ficar com uma ideia, tem a noção que a área ardida em Portugal de plantações da Navigator ou da Altri é muito baixa?? Portugal tem 7 milhões de hectares e 1 milhão de ha plantados com eucalipto, só a Zambézia tem 5 milhões de hectares, 11 000 ha de plantação de eucaliptos é um pontinho em toda a Zambézia, é mesmo só vontade de fazer guerreação contra a Portucel Moçambique.
Se as organizações ecologistas realmente querem arruinar com o negócio das papeleiras, o caminho é outro, o papel fotocópia e o papel de jornal já fazem parte da história, agora estão a agarrar-se ao papel higiênico e aos tissues, vulgos guardanapos, o consumo de papel higiênico a nível ambiental é tão nocivo ou mais, que os sacos de plásticos, toneladas e toneladas de celulose vão parar aos esgotos tornando caríssimo a purificação dessas águas, está na hora de fazerem uma campanha para limpar o rabo com água e sabão, acabando com o consumo de papel higiênico.
Quanto a Mphanda Nkuwa, se Moçambique realmente quer fugir da pobreza endémica é fundamental fornecer energia elétrica a baixo custo à sua população, apesar de o colono ter oferecido a Barragem de Cahora ao povo Moçambicano só 30% da população Moçambicana é que beneficia dessa energia, durante 30 anos o governo de Portugal pagou religiosamente todas as prestações aos bancos credores, o Sr. Samora Machel negou-se a nacionalizar a HCB para não ter que pagar os empréstimos, foi Portugal que pagou tudo, até 1992 devido à guerra civil que matou 1 milhão de Moçambicanos, a HCB nunca conseguiu vender eletricidade porque as linhas eram sabotadas pela Renamo, no final do pagamento de todos os empréstimos o povo Português ofereceu uma das maiores barragens do mundo ao povo de Moçambique.
O governo Frelimo ofereceu a energia da HCB à Mozal, a preço de Xuxu para produzir alumínio que beneficia o povo Japonês, não o povo Moçambicano, está na hora de Mphanda Nkuwa avançar para desenvolver o norte de Moçambique onde está a maioria da população, não compreendemos porque o governo Frelimo quer fazer uma linha de alta tensão de 1 800 kms, 1,8 mil milhões de usd quase o mesmo valor das dívidas ocultas até Maputo, onde só vive 1 milhão de Moçambicanos, na Zambézia vivem 5 milhões de pessoas e em Nampula vivem 6 milhões, a energia de Mphanda Nkuwa deverá vir para o norte beneficiar 11 milhões de Moçambicanos e claro Tete que fica sempre esquecido.
Quanto ao ciclone Idai onde morreram cerca de 1 000 Moçambicanos, será que a JA, não vê que essa tragédia se deveu à desflorestação que ocorreu nas províncias de Manica e Sofala desde 1992?? O Frelimo tem as mãos com sangue, mais 1000 Moçambicanos que morreram devido à ganância e corrupção, toda essa madeira foi cortada e metida em contentores para a China a população local nada beneficiou, só morte ficou.
As alterações climáticas têm as costas largas e servem para justificar tudo, mas a verdade é outra, "an inconvenient truth".
Aquilo que efectivamente está a destruir ambientalmente Moçambique é as queimas e derrube, o "Slash and Burn", o povo tem fome precisa de comer, a agricultura que se pratica em Moçambique é igual à que se praticava há 500 anos, quando o Vasco da Gama chegou à Ilha de Moçambique. China, Índia e demais países acabaram com as fomes cíclicas, subsidiando a utilização do fertilizante, em Moçambique o Frelimo continua a não querer subsidiar o fertilizante, por isso o povo derruba a floresta, planta milho e mandioca durante 2 anos e depois desse período arranca para outra área, ambientalmente Moçambique está a ficar destruído devido a esta prática.
Se o povo passar a comprar fertilizante ficará sempre no mesmo talhão de terreno e em vez de produzir 1 tonelada por hectare, passa a produzir 3 toneladas por hectare, permitindo alimentar a família e o restante vender no mercado dinamizando a economia, assim protege-se as florestas e o ambiente porque não temos milhares de famílias anualmente a saltitar de talhão em talhão, será que a JA, já visitou o Malawi?? Porque Moçambique não segue o exemplo do Malawi??
Quanto à Quercus em Portugal, quem ofereceu o Monte Barata de 300 hectares no Tejo Internacional à Quercus?? "One more inconvenient truth"!!
Por hoje fico-me por aqui, desejo as maiores felicidades e uma vida longa a essa organização ecologista.
Com os melhores cumprimentos
(Recebido por email)