Basicamente, a proposta do Mirko Manzoni é de oferecer quatro milhões de dólares norte-americanos a Mariano Nhongo para este dissolver a Junta Militar da RENAMO e aderir ao processo de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração (DDR)
O líder da Junta Militar da RENAMO, Mariano Nhongo, terá rejeitado uma contrapartida de quatro milhões de dólares norte-americanos (cerca de 252.273000 de meticais), para se render e desfazer este grupo militar armado rebelde, alegadamente proposta pelo enviado especial do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas para Moçambique e coordenador do grupo de contacto entre a RENAMO e o Governo no processo de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração (DDR), Mirko Manzoni.
Consta que Mirko Manzoni manteve conversações mal sucedidas com Mariano Nhongo, algures na província central moçambicana de Sofala. Fracassado nos seus intentos, o diplomata suíço terá recorrido aos préstimos do antigo Secretário-Geral da RENAMO e candidato derrotado à presidência deste partido no congresso desta organização realizado em 2019 na Gorongosa, Manuel Bissopo, corrida ganha pelo actual líder, Ossufo Momade. Basicamente, a proposta do Mirko Manzoni é de oferecer quatro milhões de dólares norte-americanos a Mariano Nhongo para este dissolver a Junta Militar da RENAMO e aderir ao processo de DDR, segundo a publicação portuguesa Africa Monitor Intelligence, com boas fontes no seio dos países da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).
Esta publicação refere que nesse encontro com o antigo Secretário-Geral da RENAMO, Mirko Manzoni terá pedido o apoio de Manuel Bissopo, “considerado influente entre a ala não afecta a Ossufo Momade”.
A fonte acrescenta que Manuel Bissopo terá insistido na necessidade de ser disponibilizado o dinheiro prometido para apoiar a reintegração dos militares da RENAMO, que tem multiplicado lamúrias de atrasos no recebimento dos mesmos, por parte de alguns dos desmobilizados (Redactor N° 6076, págs. 1 e 2).
Em ambientes reservados Mirko Manzoni, antigo embaixador da Suíça em Moçambique, é acusado de alinhar com o Governo no processo de (re) conciliação entre o partido Frelimo/Governo e a RENAMO, gerando, por isso, algumas desconfianças nos meios considerados mais radicais do principal partido da oposição moçambicana.
Contactado esta quinta-feira pelo Redactor, Manzoni declinou confirmar ter falado com Mariano Nhongo e Manuel Bissopo. Este, também, recusou confirmar ou desmentir ter tido conversações com o enviado especial do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas para Moçambique e coordenador do grupo de contacto entre a RENAMO e o Governo no DDR. Os números oficiais de elementos da RENAMO desarmados e desmobilizados superam a metade dos cerca de 5.200 por envolver, mas o número real de “reintegrados” não supera as três centenas.
O destino dos 60 milhões de Euros disponibilizados pela União Europeia para co-financiar o processo DDR continua por esclarecer pelo governo e pelo próprio enviado especial do Secretário-Geral da ONU, ao ponto de chegar a minar o esforço.
DDR prossegue
Entretanto, depois de alguns dias de aparente impasse em torno do DDR (Redactor N° 6095, págs. 1 e 2), o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, disse esta semana que o processo está bem encaminhado e que em breve mais elementos oriundos da sua organização seriam integrados em diferentes especialidades das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique.
Aparente sinal de que o processo está novamente carrilado é que 368 ex-guerrilheiros da RENAMO agrupados na base de Monjo, em Zóbuè, no distrito de Moatize, começaram esta semana a ser desarmados e desmobilizados na província central moçambicana de Tete, no âmbito do DDR, num processo que deverá se prolongar até dia 14 de Julho corrente. Terminada essa operação, o processo vai prosseguir, abrangendo combatentes desdobrados nas províncias de Sofala e Manica, no Centro do país e Inhambane (Sul).
Após a entrega das armas, os desmobilizados são transportados para zonas à sua escolha para se estabelecer e reintegrar-se na sociedade, mas primeiro antes passam por registo para gozarem os direitos previstos no quadro do DDR.
André Magibire, actual Secretário-Geral da RENAMO e representante deste partido na Comissão dos Assuntos Militares, manifestou satisfação pelo facto de testemunhar mais uma etapa do compromisso assumido com o Governo.
Magibire anteviu adversidades na integração social dos ex-guerrilheiros nas suas zonas de origem, mas desafiou- os a encararem as dificuldades, que com o tempo serão ultrapassadas. Para isso, segundo referiu, os desmobilizados terão de contar com apoio das autoridades locais.
REDACTOR – 02.07.2021