Neste 11 de julho, Dia Mundial da População, olhamos para Moçambique. Desemprego e falta de infraestruturas são dois dos principais problemas, principalmente na província de Nampula, a mais populosa do país.
Cresce o número da população, mas também aumenta a pobreza em Moçambique, principalmente na província de Nampula, a mais populosa do país. Atualmente, o país conta com perto de 30 milhões de habitantes, seis dos quais estão em Nampula.
Em 1980, a título de exemplo, no primeiro recenseamento da população realizado no país, Nampula tinha cerca de dois milhões de habitantes. Em 2017, ano do último censo populacional, a província contava já com mais de seis milhões de habitantes - registando-se um crescimento de 3.2 por cento em dez anos.
Esta informação consta de um estudo realizado, em 2019, pela Universidade Rovuma, que teve como base a realização de inquéritos a mais de três mil famílias, em nove dos 23 distritos da província.
O docente da Universidade Rovuma, Vanito Frey, que participou no estudo e o apresentou, recentemente, em Nampula, defende que o crescimento populacional, em Moçambique, principalmente na província de Nampula, deve ser acompanhado pelo acesso aos serviços básicos de qualidade e oportunidades de emprego para a juventude que constitui a maioria da população nacional.
"A estrutura etária de Moçambique é predominantemente jovem, e isso implica desafios sérios para o setor da educação, não só na província de Nampula, mas no país em geral. Há necessidades de mais escolas para esta estrutura etária de jovens, que constitui a base da província de Nampula. E se estamos a falar que é uma população jovem, isso tem implicações ao nível do emprego, por exemplo. A juventude precisa de oportunidades de emprego", disse.
O académico defende que tem de haver "um acompanhamento eficaz relativamente a este crescimento da população''. Este crescimento impõe desafios ao governo, e de um modo geral, ao Estado", assevera.
Mais escolas e hospitais
"É necessário o desenho de políticas que promovam a criação e manutenção de novos postos de emprego e fundamentalmente a questão do auto-emprego, para que os jovens não fiquem reféns dos empregos do governo e do setor privado", explica o investigador, que acrescenta ainda que "o crescimento da população implica uma maior necessidade de infraestruturas sociais, nomeadamente, aumento de número de escolas, hospitais, vias de acesso, transporte, entre outos", observou.
Vanito Frey aconselha o governo a desenhar melhores estratégias para a redução da natalidade em Moçambique. "As pessoas são livres de procriar e de ter quantos filhos quiserem, mas quando se fala em redução de taxas de natalidade é preciso que haja um trabalho para consciencializar a população, no sentido de perceber se, de facto, é o melhor momento para se ter, por exemplo, oito filhos, ao invés de quatro", disse.
O estudo conclui que é necessário o investimento nas áreas sociais, no setor produtivo, incluindo as infraestruturas e fomentar a participação da mulher no mercado de trabalho.
Governo concorda
O governo, através da vice-ministra da Economia e Finanças de Moçambique, Carla Louveira, reconheceu que nos últimos anos, "a população tem estado a crescer a ritmos acima, em alguns casos, de alguns países da nossa região".
"Nos grandes desafios que foram apresentados, no estudo, entre eles, o capital humano, crescimento económico, produção, infraestruturas e recursos naturais, fazem parte das prioridades que constam no plano quinquenal do governo", referiu.
A governante assegurou que o governo continuará a envidar esforços com vista à melhoria das condições de vida das populações, em função do seu crescimento.
DW – 11.07.2021