Comandante do exército anuncia “missão mais importante”
- Cristóvão Chume diz que já se contabilizou 33 corpos do “inimigo” e “nem um aranhão” em elementos das forças ruandesas e moçambicanas
O Presidente da República, Filipe Nyusi, já tinha deixado a indicação de que, depois da reconquista da vila de Mocímboa da Praia, maiores e complexos desafios estavam ainda a caminho, particularmente a consolidação das conquistas, assim como a abertura de caminho para o avanço das operações.
Ontem, falando à televisão pública nacional, a partir de Mocímboa da Praia, Cristóvão Chume, Comandante do Exército, anunciou a realização, nos próximos dias, daquilo que considera “missão mais importante” da actual ofensiva contra os grupos terroristas: o avanço para as densas e complexas matas de Mbau, Siri I e II, tidas como as principais e mais importantes bases dos bandos terroristas.
De acordo com o homem forte do exército, este avanço pode acontecer ainda ao longo da corrente semana, caso não haja constrangimento do que está planificado. Por isso, assegurou o dirigente militar, sinais de avanço dos combates, que se espera que sejam duros naquelas bases, poderão ser vistos ao longo do fim-de-semana.
Actualmente, segundo deu a conhecer, acções recorrentes de bombardeamento aéreo e artilharia estavam em curso, no sentido de “não dar descanso ao inimigo”. Chume disse que estava à espera que outras autoridades seguissem em direcção à vila de Mocímboa da Praia no sentido de a tropa avançar para as referidas frentes.
Acredita-se que na vila de Mocímboa da Praia deverão ser fortificadas posições da Polícia da República de Moçambique, abrindo caminho para que os militares moçambicanos e ruandeses possam avançar e concentrar-se em Mbau, Siri I e II.
O dirigente das Forças Armadas de Defesa de Moçambique apontou a capital importância de se conseguir bloquear completamente a saída do inimigo e tal, segundo disse, estava a ser feito com sucesso.
Ligeira resistência e confrontação
Cristóvão Chume saiu ainda em defesa da sua tropa que, do ponto de vista de comentários e percepções públicas, estava a andar à reboque da tropa ruandesa nas operações de combate ao terrorismo.
Ele disse, por exemplo, que contrariamente à informação que circulou, a vila de Mocímboa da Praia foi tomada, inicialmente pelo porto, quando eram sensivelmente 7 horas, numa operação feita por um grupo de operações especiais dos fuzileiros navais das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Ainda por via marítima, um pelotão das FADM desembarcou a sul do porto para, por via terrestre, controlar a vila. Objectivo concretizado, a estratégia indicou que, logo a seguir, fosse a tropa ruandesa a entrar pelo aeroporto, isto pela via de quem vem de Palma (norte da vila) e outro de Ouasse (parte sul da vila), uma missão que estava sob responsabilidade da tropa ruandesa, isto por volta das 11 horas.
A partir daqui, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e do Ruanda iniciaram operações de limpeza e clarificação do território da vila de Mocímboa da Praia.
Foi uma operação ligeiramente facilitada pelo facto de os terroristas, tal como já vínhamos fazendo referência neste diário, terem feito leituras antecipas de que seria impossível resistir à envergadura da operação das forças moçambicanas e ruandesas.
“O inimigo tinha aqui as suas posições muito fortes, mas sabia que não poderia oferecer grande resistência porque tinha perdido fora de Mocímboa da Praia, posições estratégicas como Ouasse, Quelimane, Maputo, Mumu, e outras como Tchinga. Quando fomos tomando essas posições que serviam como zona tampão, o inimigo percebeu que não tinha outra alternativa senão sair daqui” – explicou Chume, descrevendo um cenário de pouca confrontação.
Ou seja, efectivamente, muitos terroristas terão saído com as suas armas para algum lugar, realidade que sugere mesmo que muito há ainda por fazer no combate ao terrorismo. “Portanto, ofereceu pequena resistência. Se ele quisesse continuar a combater, seria eliminação total” – acrescentou, falando à reportagem da Televisão de Moçambique.
Do ponto de vista de baixas do lado dos terroristas, Chume falou de cerca de 33 corpos contabilizados, e garantiu que do lado das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e Ruanda “não temos nem um soldado que tenha tido um aranhão”.
Ele não estabeleceu prazos para o fim do terrorismo em Cabo Delgado.
MEDIA FAX – 11.08.2021