“QUem são eles”, pergunta feita em suaíli e dirigida ao co-comandante da força conjunta moçambicana- -ruandesa, major-general Cristóvão Artur Chume, na companhia do igualmente major-general Innocent Ka[1]bandana, sobre os terroristas.
Chume revela tratar-se de um grupo terrorista maioritariamente composto por nacionais, mas liderado por estrangeiros idos da Tanzânia, Burundi e da RCongo.
Para além dessa informação, não se sabe mais nada sobre o grupo que desde outubro de 2017 está instalado em quatro dos 16 distritos da província de Cabo Delgado.
Analistas especializados em assuntos militares dizem, porém, que a intenção suprema do grupo é, a partir de Cabo Delgado, se expandir para os demais países da região.
Nos últimos dias, o Departamento norte-americano de Estado trouxe a público Bonomade Machude Omar, que também pode ser tratado por Abu Sulayfa Muhammad e Ibn Omar, líder dos assuntos militares e externos do ISIS-Moçambique, actuando simultaneamente como comandante sénior e coordenador principal de todos os ataques realizados no extremo centro-norte de Cabo Delgado.
O secretário de Estado norte- -americano, Antony Blinken, diz ainda que o ataque a uma estância hoteleira, na vila de Palma, em março, por sí ordenado. Sabe-se que o visado dos Estados Unidos, Bonomade Machude Omar, é natural de Mocímboa da Praia. Sabe-se, igualmente, que até vésperas do ataque conjunto a vila- -sede distrital de Mocimboa da Praia, o grupo terrorista era composto por 3.000 pessoas.
No encontro que os generais Chume e Kabandana realizaram segunda-feira, 09, com os militares em Mocímboa da Praia, elogiaram o desempenho da tropa conjunta, tendo alertado que há mais trabalho pela frente, que passa por ‘vasculhar’ todas áreas onde se julga prevalecerem bolsas do inimigo.
Kabandana, por sua vez, aplaude a maneira como o contingente ruandês foi recebido, há um mês, por toda a estrutura, mas sobretudo o modo como a população tem manifestado o seu carinho para com as colunas do efectivo do Ruanda.
Um vídeo que caiu na nossa redacção, retrata o momento em que militares e polícias do Ruanda ajudam as mulheres de uma aldeia a pilar milho, num ambiente de descontracção, muito facilitado pelo idioma, suaíli, praticado na província de Cabo Delgado e no Ruanda.
E foi com recurso ao suaíli que um jornalista do newtime, do Ruanda, que tem estado a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, em Cabo Delgado, que tem interagido com a população.
Foi confirmado que os terroristas recrutam crianças dos 12 aos 17 anos, ainda jovens de ambos os sexos, mas aos idosos e velhos, incapazes, matam sem hesitar.
Isto conduz à conclusão de que as crianças são depois treinadas para as diferentes frentes de combate.
Quando questionado sobre a SAMIM – Missão Militar da SADC, o major-general Chume referiu que naquele momento a parte moçambicana opera com os ruandeses, mas que não havia problema em integrar outras forças, por haver espaço para todos no combate ao terrorismo. Filipe Nyusi, na segunda-feira, 09, a partir de Pemba, mostrou-se tranquilo em matéria de coordenação entre as forças de diversas nacionalidades, em Cabo Delgado, até porque estão distribuídas por divisões geográficas.
EXPRESSO – 11.08.2021