Canadá, Albânia, Kosovo, Turquia e Paquistão tomam posição sobre refugiados afegãos
A Albânia e o Kosovo afirmaram este domingo que estão prontos para receber refugiados afegãos ameaçados pelos talibãs, que chegaram à capital do Afeganistão, Cabul.
"A Albânia, membro da NATO, está pronta para assumir a sua parte", garantiu hoje o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, através de uma publicação na rede social Facebook.
Edi Rama adiantou ainda que os Estados Unidos pediram à Albânia que analise a possibilidade "de servir como país de trânsito para vários imigrantes políticos afegãos com destino aos Estados Unidos".
O Kosovo anunciou também que aceitou "sem hesitação" o pedido de Washington para receber "temporariamente" refugiados afegãos, apontou a Presidente, Vjosa Osmani, também através do Facebook.
"Devemos estar ao lado dos nossos amigos, especialmente dos Estados Unidos, porque eles também estiveram ao nosso lado", notou Osmani.
Canadá disponível para acolher 20 mil refugiados
O Canadá afirmou estar disposto a aceitar 20.000 refugiados afegãos que estão a tentar deixar o país. A lista de refugiados inclui jornalistas, ativistas dos direitos humanos, funcionários do Governo e membros de minorias religiosas.
O ministro da imigração do Canadá, Marco Mendicino, anunciou a disponibilidade algumas semanas após o Canadá ter prometido admitir vários milhares de intérpretes afegãos e outros trabalhadores locais, juntamente com as suas famílias, que eram empregados pelas autoridades canadianas.
A medida anunciada a 23 de julho tinha sido criticada por antigos grupos militares e de comunicação social como insuficiente face ao grande número de afegãos que trabalham para o corpo militar e diplomático canadiano no Afeganistão desde 2001.
Até agora, quatro voos com antigos tradutores afegãos e suas famílias já chegaram ao Canadá. As autoridades canadianas recusaram-se a fornecer pormenores sobre quantas pessoas já se encontram no país e quantas planeiam ainda retirar.
Durante a conferência de imprensa em que Mendicino anunciou o programa de acolhimento, o Ministro da Defesa canadiano, Harjit Sajjan, confirmou que as forças especiais canadianas estão a operar no Afeganistão, mas recusou-se a dar pormenores sobre a missão.
A televisão Global News informou que um grupo de afegãos que trabalharam para o Governo canadiano, juntamente com as suas famílias, refugiaram-se na embaixada de Otava em Cabul, na esperança de serem retirados.
Vários meios de comunicação social indicaram também que a embaixada canadiana em Cabul fechou as portas e não está a processar os pedidos de refúgio afegãos.
Presidente turco preocupado com refugiados
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou este domingo que a Turquia está empenhada em trabalhar com o Paquistão para promover a estabilidade no Afeganistão e conter a onda crescente de migração resultante da ofensiva talibã.
O presidente turco disse que cada vez mais afegãos estão a tentar migrar para a Turquia, através do Irão, e apelou a um esforço internacional para garantir a estabilidade no Afeganistão e evitar uma migração em massa.
Erdogan falava numa cerimónia naval, onde participou com o presidente do Paquistão. Segundo sustentou, o Paquistão tem a "tarefa fundamental" de promover a paz e a estabilidade no Afeganistão, onde os confrontos se intensificaram e os talibãs chegaram este domingo à capital, Cabul.
Erdogan assegurou o total empenho da Turquia na cooperação com o Paquistão, a qual considerou que assume um papel essencial na estabilização do Afeganistão.
ONU diz que há mais de 550.000 deslocados
A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) afirmou este domingo que mais de 550.000 pessoas no Afeganistão fugiram de suas casas devido ao conflito desde o início deste ano e apelou a ajuda humanitária.
Uma atualização da situação publicada pela ACNUR, organização com sede em Genebra, na Suíça, mostra que cerca de 126.000 pessoas foram deslocadas no mês anterior a 9 de agosto, a data mais recente para a qual há dados disponíveis.
Uma porta-voz da ACNUR disse que embora a situação dentro do Afeganistão seja fluida, "por enquanto a deslocação é, em grande parte, interna". "É necessário apoiar a resposta humanitária no país", disse Shabia Mantoo à Associated Press. "Se virmos movimento transfronteiriço, será necessário apoio adicional fora do país também", acrescentou.
A agência continua a ter funcionários internacionais e afegãos no local, disse ainda a porta-voz da ACNUR.
LUSA – 15.08.2021
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