Caro Sr. Ministro da Agricultura, Celso Correia,
Recentemente vi na televisão o Sr. a inaugurar com a Higest uns aviários e a fazer doação de 13 tractores e 150 motas para extensionistas, já vai 47 anos que a Frelimo continua a dar bom bons aos agricultores e a fome cada vez aumenta mais em Moçambique, nunca houve tantos engenheiros agrônomos em Moçambique e nunca se importou tanta comida para o povo faminto.
O senhor queixava-se do contrabando de frango da África do Sul, esse é que era o problema da agricultura em Moçambique, não, não é, os agricultores Sul Africanos têm acesso a fertilizante e sementes melhoradas a preço subsidiado, por isso conseguem ser competitivos, produzem 3 a 4 toneladas de milho ou soja por hectare, vendendo o milho e a soja mais barato tornando o preço da ração competitiva, assim como a produção de frango.
Em Moçambique a produção de milho e soja, não ultrapassa uma tonelada por hectare os agricultores têm que vender caro para não passarem fome, um kg de ração de galinha em Nampula custa 52 meticais, com esse preço não é competitivo produzir frango, o frango e ovos de Nampula vêm do Malawi, de contrabando ou sem ser de contrabando, uma vergonha, dezenas de pequenos produtores de ovos e frangos em Nampula foram à falência recentemente.
Para complicar a equação a Arábia Saudita, decidiu comprar soja em Moçambique, no Porto de Nacala é ver os camiões todos os dias a carregar contentores com soja para ser exportada, o preço da soja disparou, juntamente com o preço da ração, essa mesma empresa da Arábia Saudita, que compra soja em Moçambique é quem vende milhares de toneladas de fertilizante para o Malawi e Zimbabwe, em Moçambique o fertilizante é só de passagem, o pouco que fica é aquele que é roubado dos navios, wagons e camiões, tornando os agricultores em ladrões de adubo, se não querem passar fome na sua própria terra.
Triste sina a do agricultor em Moçambique tem que se tornar ladrão de adubo se quer alimentar a sua família.
Oferecer tractores é um excelente negócio para os seus amigos da Frelimo que os vendem, assim como, para os sucateiros, o tempo médio de vida de um tractor em Moçambique são 2 a 3 anos, como a produção não excede uma tonelada por hectare a vender milho a 10 ou 15 meticais por kg, quem aluga o tractor nem consegue pagar o gasóleo, quanto mais pagar a manutenção que é caríssima, se o fertilizante fosse subsidiado em Moçambique o agricultor conseguiria, pagar o aluguer do trator, porque produziria 3 a 4 toneladas por hectare, iria criar postos de trabalho e reduziria em muito as importações de comida por Moçambique.
O povo só mais pobre ficou.
Desculpe que lhe diga, mas falar consigo é igual a falar com um autista, nada muda na Agricultura de Moçambique, já lá vão 47 anos, cada vez se importa mais alimentos, cada vez há mais engenheiros e cada vez o povo passa mais fome e passa mal.
(Recebido por email)