Estratégia de Nyusi e Celso Correia já começa a cair
-Aires Ali, Mulembwe, B. Monteiro, Samito, L. Diogo, Pacheco, Jaime Neto e Tomás Salomão entre voluntários e preferidos
-Camaradas chumbam candidato de Celso Correia e Mety Gondola em Nampula
-Conheça as apostas de Chissano e Guebuza
Numa altura em que a ala liderada por Filipe Nyusi e Celso Correia joga tudo ou nada para tentar um terceiro mandato ou, na pior das hipóteses, fazer eleger este último como próximo candidato da Frelimo, começam a emergir nomes de camaradas sonantes dentro do partido, dispostos a contrariar a máquina de compra de votos e lealdade montada. Entre os mais falados cintilam os nomes de Aires Ali e Eduardo Mulembwe, ambos de Niassa, que são aposta dos históricos que tentam resgatar a imagem do partido depois de ter experimentado, durante os últimos anos, a profundidade das trevas. Para além dos dois nomes, Luísa Diogo, Samora Machel Júnior, Tomás Salomão, Basílio Monteiro, José Pacheco e Jaime Neto são alguns dos que já começaram a mexer-se, havendo quem já tem até gabinete de candidato. Paralelamente, há um movimento que questiona a tese da vez do centro, alegando que não existe nenhuma base estatutária que sustenta a transição com base em regionalismo.
Evidências
A luta pela sucessão no partido Frelimo está ao rubro e entre voluntários e suportados por pessoas influentes e históricas do partido já começam a surgir alguns nomes de peso que poderão baralhar a estratégia do terceiro mandato e o respectivo plano “B” que já estão a ser ensaiados pela ala que detém o poder neste momento.
As declarações de Roque Silva em Mocuba, Província de Gaza, há pouco menos de um mês, quando se dirigiu a alguns membros voluntários, foram, na verdade, um tubo de escape de uma crise de liderança profunda no seio da Frelimo, que poderá levar a um dos mais difíceis e fraccionários processos de sucessão no partido dos camaradas, numa altura em que, enquanto uns já estão entrincheirados, alguns encontram-se ainda a firmar alianças e a desenhar as suas estratégias.
Entre as estratégias mais conhecidas, está o ensaio do terceiro mandato como plano A e a eleição de Celso Correira a candidato a Presidente da República, como plano B, contando para tal com uma máquina de propaganda muito forte e dinheiro de fundos não auditáveis a seu dispor para comprar lealdade nas províncias.
Entretanto, membros históricos e influentes do partido não vêem com bons olhos esta perigosa guinada ao autoritarismo e/ou clientelismo, por isso estão a jogar também suas próprias cartadas.
Entre os nomes dos históricos mais sonantes constam os dois antigos Presidentes da República, Joaquim Alberto Chissano e Armando Guebuza, que actuam agora na mesma trincheira, buscando um nome consensual capaz de tirar o partido e o país da lama em que está mergulhado.
Eduardo Mulembe e Aires Ali, ambos do Niassa, com currículos sem associação a grandes escândalos, são os nomes mais ventilados e associados ao movimento de históricos, numa altura em que, curiosamente, já se começa a questionar onde está escrito que as sucessões na Frelimo têm uma base regional, um questionamento que vem ganhando muita força, tornando-se cavalo de batalha de algumas alas.
O candidato de Chissano e Guebuza
Alguns corredores dentro do partido no poder têm estado a apontar para uma aproximação entre Joaquim Chissano e Armando Guebuza, aparentemente desapontados com o vazio de ideias na actual governação, numa altura em que está cada vez mais claro que Nyusi não caiu nas graças dos membros de aspirações sulistas.
Os dois antigos presidentes estão, segundo nossas fontes, em concertações para poderem endossar seu apoio a um único candidato nas eleições internas, mas há um obstáculo. Não há ainda um consenso sobre o nome, mas suas preferências gravitam entre Eduardo Mulembwe e Aires Ali.
Natural do Niassa Eduardo, Mulembwe é um quadro com muitos anos de política na bagagem e faz parte do grupo dos ditos intelectuais do partido Frelimo. Foi presidente da Assembleia da República por mais de 15 anos. Para além de ter um grande capital político dentro e fora do partido, tem verbo fácil e é dos poucos que têm um curriculum quase imaculado.
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