Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Tem uma frase famosíssima que diz o seguinte: «A mulher de césar tem que parecer honesta e não necessariamente ser honesta». Essa famosíssima frase fala-nos da dificuldade de determinar a relação entre a aparência e a realidade, e agente tem essa dificuldade. Já os gregos e romanos se perguntavam, imagine nós que vivemos num mundo mediado pelas mídias sociais e pelas mídias em geral. O que você acha?
Como ter certeza, de que, alguma coisa que você está vendo no mundo mediado pelas mídias é verdade ou é aparência, é claro que você tem aí um conjunto de elementos; falando primeiro dessa relação com a mídia, o conjunto de elementos que produz aquilo que agente chama de credibilidade.
Por exemplo, alguém que trabalha dentro dum Jornal importante ou dum canal de tevê importante, uma Estacão de Rádio importante, está junto com o nome, com a marca dessa Empresa/Instituição. Então, se esta pessoa faz alguma coisa erra ou fala alguma coisa que é absolutamente inverdade, ela não só está criando um problema só para ela, como está criando também problema para a marca que ela representa, para Instituição para qual ela trabalha.
Portanto, alguém que trabalha numa grande empresa de mídia tem provavelmente muito mais credibilidade, do que, alguém que está lá falando sozinho no seu canto da sua casa escrevendo o que ele quer e não representa nenhuma Instituição. É claro, que têm os [paranóicos] que acham que os grandes veículos querem controlar o mundo, e eu não vou entrar nessa discussão de teorias conspiratórias.
Mas, voltando para o tema, no nosso mundo destarte como na antiguidade, agente sempre soube que, a imagem que uma pessoa tem socialmente muitas vezes conta muito, do que, àquilo que ela é no seu âmbito privado, ou para além do que as pessoas vêem, e é muito difícil você ter absoluta certeza de que alguém é honesto. Para você ter essa certeza, você tem que conviver com essa pessoa muitas vezes, é claro que ela pode ser um grande mentiroso, mas agente sabe em filosofia que as virtudes só podem ser percebidas pelos outros.
Porque, você trabalha com alguém já algum tempo, você já viu ela em situações difíceis; você é casado com alguém ou mora com alguém numa casa, ou relação pais e filhos, você ao longo do tempo vai percebendo quem é que tende a ser mais mentiroso, quem é mais corajoso. Normalmente honestidade e coragem andam lado a lado, por isso o Aristóteles tinha razão; as virtudes tendem a convergir, é muito difícil você ter uma virtude e não ter outra. Ou seja, uma virtude normalmente pede a outra.
Então, a ideia de que, pode ser mais importante parecer ser honesta, do que, ser honesta é uma função da condição social que agente vive, da condição em que a sociedade vive muito mais na aparência e quanto maior ela é, quanto mais mediada ela é por uma série de coisas mais aparência agente têm nas nossas mãos.
Mas, sem dúvidas nenhuma, isso não significa que não existam pessoas de facto honestas. Na política por exemplo, é impossível, é quase impossível você ter absoluta certeza que alguém é completamente honesto. Você teria que, por exemplo expor de forma absolutamente transparente tudo o que acontece na vida da pessoa. E como se iria fazer isso!
Na verdade, o que eu estou querendo dizer é que, esse problema filosófico, da diferença entre realidade e aparência, que é um dos [argumentos] mais fortes do cepticismo grego, que agente nunca pode ter certeza, de onde está, aonde acaba aparência e onde começa a realidade; esse problema é um dos maiores problemas que a filosofia tem muito antes do império da midia e/ou da existência das midias sociais.
Agora, não tenha dúvida do seguinte: uma pessoa mentirosa durante a vida inteira é sempre um pouco difícil você conseguir enganar todo mundo o tempo todo. Talvez em algum momento alguém vai-te pegar em algum momento e que prova que você não honesta.
Portanto, o que a honestidade verdadeira tem a seu favor é aquele tipo de situação que é, ela existe independente de se alguém está vendo você ou não. Logo, ela é independente de alguma forma do juízo alheio. Por isso, que é quase ideal, é uma situação quase ideal e real, porque normalmente todos nós dependemos dos juízos alheios inclusive para uma situação de auto-estima, você gostar que o outro reconhece que você tem virtudes.
E portanto, é mesmo o mais difícil você ser honesto, do que, parecer ser honesto.
Por isso, na vida às vezes você tem mais vantagem se você parecer ser honesto, do que, você ser verdadeiramente honesto. Mas…não esqueça que muitos de nós muitas vezes na vida tem necessidades de provas definitivas de honestidade, e às vezes quando você está sendo honesto, isso pode ajudar você dormir, mesmo que você seja infeliz na comunidade em que você vive.
Pense nisso!
Manuel Bernardo Gondola
Em Maputo, aos [12] de Setembro 20[21]