Sabe, Presidente, há uma onda de indignação que varre o País de norte a sul. Todo o discurso político de V. Exas., os do Governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: prejudicar mais o já espezinhado povo moçambicano. Tiram-nos tudo, a esperança, o direito de sonhar, não passamos de mais nada do que servos da gleba!
O Presidente estava aqui, em Maputo, quando em 2010 o povo saiu à rua reivindicando melhores condições de vida. É verdade que no meio daquilo, também houve vândalos, mas não são piores do que os que estão aboletados no poder. Nunca foi pretensão do povo queimar o País, mas há certas condições que o obrigam.
E, sem que percebam, estão a empurrar-nos para o mesmo cenário!
O poder da Frelimo andou a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e a elite política enriqueceu sem arriscar um cabelo, e na hora de julgamento dos que roubaram ao Estado, sentam na BO lobistas que só ganharam dois por cento do valor roubado, mas o povo faz vista grossa; finge que entende, e mesmo assim continuam a humilha-lo.
Já imaginou, Presidente, se pudéssemos trocar de lugares? A elite no lugar do povo, e o povo no da elite. Como é que vocês iriam engolir as sistemáticas desculpas esfarrapadas de que não há dinheiro para se aumentar o vosso (povo) salário enquanto nós (elite), que já temos fartas mordomias, triplicamos os nossos aumentos salariais?
Quer dizer, o Presidente que não paga nada: tem comida, bebida, sabão, pasta de dentes, fruta fresca à mesa, queijo, manteiga, ovos, água quente…tudo pago com o nosso dinheiro, mas ainda tem aumento salarial- e diga-se aumento assustador. Com o acréscimo de mordomias, passará a ganhar 800 mil meticais, dinheiro que se vai juntar ao que já acumula. E nós? Vocês não têm vergonha? Não têm sentimentos? Estão a matar-nos aos poucos. E se não quisermos morrer à mingua, de certeza que sairemos à rua! O que nos impede de sair à rua e reivindicar o que é nosso e está a ser rapinado por uma elite sem escrúpulos?
Na situação em que o País se encontra, não seria de todo surpreendente se o povo o queimasse. Perdíamos todos. É diferente de termos que olhar o poder a comer- e engordar- e nós, o povo, a engolirmos a nossa amarga saliva. Não confundam o nosso silêncio com cobardia, estamos a esticar-vos a corda, mas chegará o momento de dizer basta e ai será o salve-se quem puder!
Isto é humilhante. Vivemos como mendigos no nosso próprio País. Roubam-nos e dão aos seus filhos e familiares. Os nossos até lhes falta a própria crosta para se alimentarem. Imbecilizam-nos; espezinham-nos. Acham mesmo que vai ficar só por isto? Nós não somos moleza da Frelimo!!!
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