Um novo ataque de um grupo de insurgentes filiados ao Estado Islâmico provocou a morte de três pessoas, no domingo, 24, incluindo de um líder comunitário da aldeia Chitama, no interior do distrito de Nangade, em Cabo Delgado, disseram à VOA nesta terça-feira, 26, testemunhas e várias fontes locais.
As vítimas tinham acabado de regressar à aldeia Chitama, supostamente para fazer a colheita de castanha de caju nas suas plantações.
Quase todos tinham deixado a aldeia há quase oito meses devido os anteriores ataques do grupo localmente conhecido por al-Shaabab.
“Mataram o líder e outras duas pessoas, uma delas foi ali no campo de produção de Tsonga”, disse à VOA Abu Algy, morador de Nangade, próximo à fronteira com a Tanzânia, citando um sobrevivente, para depois afirmar que “as pessoas estão cansadas” em viver em campos de deslocados e “por isso arriscam o regresso às aldeias”, apesar do nível alto de insegurança.
Outro morador contou que “os malfeitores mataram o líder e dois homens da força local (policias comunitários)”, acrescentando que “hoje em dia não sabemos como eles os ‘machababos’ (em referência aos al-shaabab) andam”.
Rapto e libertação de mulheres
No ataque, prosseguiu a nossa fonte, o grupo terá raptado três mulheres a quem obrigou a carregar trouxas com castanha, mas depois as colocou em liberdade.
Os relatos dos moradores são consistentes com os de um sobrevivente, que explicou que o grupo apareceu de forma “sorrateira na aldeia Chitama”, sem ter efectuado nenhum disparo quando começou a “vasculhar as machambas onde estavam as pessoas a apanhar castanha”.
“Muitos conseguiram fugir e escapar no ataque”, frisou.
As autoridades ainda não comentaram esses ataques.
Mais a sul de Nangade, em Macomia, outras duas pessoas foram decapitadas na sexta-feira, 22, quando se encontravam a tirar água potável num poço tradicional na aldeia de Lumumua.
A imprensa tanzaniana, citando fontes locais, reportou na segunda-feira, 25, que um ataque atribuído aos militantes do Estado Islâmico (ISCAP) deixou várias casas queimadas no vilarejo de Kilimahewa, próximo da cidade de Mihambwe.
Pequenas bolsas de resistências já haviam sido reportadas no Setembro com ataques às aldeias de Mueda e Quissanga, que deixaram mortos e destruição por fogo de várias palhotas.
À VOA fontes militares avançam que as operações militares das forças ruandesas, da SADC (SAMIM) e as forças moçambicanas continuam em zonas recuperadas nos distritos de Macomia, Nangade, Mocímboa da Praia, Mueda e Palma, sugerindo que persistem focos de insurgência nestas regiões.
Entretanto, informações no terreno dão conta de que grupos de dezenas de insurgentes continuam activos na região Macomia-Nangade-Mueda e que ocorrem combates ocasionais nessas regiões.
VOA – 26.10.2021
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