Por: Ananweha
16/10/2014
Hoje o Sistema Nacional de Educação Moçambique está em processo acelerado de degradação que se junta a isso a falta da moral e ética que me torna difícil saber e dizer que tipos de cidadãos queremos, aliás que o governo quer construir para o nosso futuro.
Aprendi na escola que o colonialismo português alienava a nossa cultura em detrimento de revelar a sua para nós que éramos os seus oprimidos, mas em contrapartida desta alienação o sistema de educação ia até 4ª classe do ensino rudimentar proporcionou aos nossos compatriotas uma boa metodologia ao Processo de ensino e aprendizagem – era uma educação a quatro estrelas em comparação com a actual. Os alunos iam a escola para aprender a ler e a escrever.
Descolonizamos o português, adoptamos os nossos sistemas que embora mudados, a metodologia de ensino, os materiais didácticos adequava-se com a realidade do nosso país, assim como proporcionava um bom aprendizado aos alunos. É razão para dizer que eu encontrei uma parte desse sistema a vigorar. E aquele processo era fácil quando o professor em frente levava no seu livro apoiado de um pau ia apontando enquanto dava a voz do comando e nós o imitávamos:
Olá Paulo!
Olá Aida.
É a tua casa Paulo? Sim é a minha casa. (…) blá blá blá blá.
Ninguém reclamava com este ensino eu e a minha malta fomos frutos deste ensino. De salientar que naquele tempo a malta como não tínhamos livros infantis, mas os nossos pais compravam os livros infanto-juvenis portugueses (As Aventuras de Tintim, Mickey mouse, O Tio Patinhas dentre vários. Estes livros desenvolviam e enriqueciam a nossa psique. Me lembro que aprendi a ler e a escrever antes de ir a escola, a minha irmã mais velha estava na 2ª classe e todas as vezes que ela preparava as lições com o meu pai, eu fazia companhia e apanhava os carolos quando falhasse uma vogal. O texto que me abriu visão ao mundo das letras foi o das Abelhas… como são lindos a voar.
Quando aprendi a ler nunca mais quis parar até hoje. Por isso decidi que eu quero escrever e ensinar até sempre. Mas hoje em dia hoje não é fácil, o sistema não permite. Não há condições para que formem-se cidadãos do amanhã que tenham capacidade crítica e reflexiva. Por essa mesma razão vemos estudantes que fazem o ensino médio, mas que não sabem ler nem escrever; professores que não sabem ler nem escrever correctamente; técnicos laboratoriais que não sabem fazer misturas – é triste este cenário.
Eu penso que está na hora de dizermos basta ao actual sistema de educação e procuramos saber qual é o interesse em deixar que os alunos passem sem conhecer o que é uma vogal. Está na hora de procurarmos saber a quem de direito o porque do ensino estar a favorecer as metas e não num bom investimento na educação.
A nossa geração está em apuros! Acredite quem quiser e ignore quem sabe. Em comparação com os outros, somos um povo bastante miserável, a miséria não é apenas ter fome e sede, a desgraça é saber que há gente que quer que morramos de fome, não quer que tenhamos boa educação, boa saúde, que tenhamos boas estradas, boa qualidade de energia, que a função pública pague magro os ordenados.
Um trabalho gigante é preciso que se faça na educação. Não me poupo em abordar no desfasamento dos conteúdos programáticos em relação aos valores culturais, não é tarefa fácil, mas todos em comunhão podemos encontrar uma solução, antes de mais é preciso que haja uma vontade de reforma corajosa das premissas de governação - nesta programação local que se chame ao professor como executor fundamental, a sociedade civil e outros actores de modo que possam discutir o que é melhor para nós; 2º a capacidade técnica dos planificadores do desenvolvimento curricular em relação aos conteúdos sobre identidade cultural de que hoje sofremos dessa crise que seja ultrapassada;
Que haja uma vontade de formação com qualidade e que os professores sejam competentes, não basta apenas aumentar os anos de formação nos centros de formação de professores primários, mas sim, que haja vontade por parte do governo, que se invista nos centros de formações, com materiais e equipamentos adequados em leitura, escrita, pesquisas e muito mais. Não só isto, mas também que se pague bem ao professor
Todavia, caso seja feito isto os professores deixaram de ensinar faz-de-conta, deixarão de vender exames e notas de fim-de-ano.
(Via WhatsApp)