O nome do antigo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, não consta da lista das pessoas que devem ser ouvidas, na primeira quinzena de Dezembro, como declarantes, no âmbito do processo das dívidas ocultas, em julgamento na cadeia da Machava, em Maputo.
O juiz Efigénio Baptista, que julga o maior escândalo de corrupção em Moçambique, apresentou esta segunda-feira (29) o calendário das audições dos declarantes, do qual não consta o nome de Armando Guebuza, um desenvolvimento que apanhou muitas pessoas de surpresa.
Baptista não avançou os motivos da retirada do nome de Armando Guebuza do calendário das audições, que inclui os antigos ministros das Pescas, Víctor Borges e do Interior, Alberto Mondlane, bem como a antiga chefe do Tesouro, Isaltina Lucas.
Expectativa
A audição de Guebuza era aguardada com enorme expectativa, por se acreditar que poderia trazer informações de muita qualidade relativamente às dívidas ocultas, tendo em conta que tudo aconteceu durante o seu consulado.
"Esse seria o momento mais importante deste julgamento, porque na qualidade de Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, é ele que responde por todas as decisões que foram tomadas", afirmou o jurista e jornalista Tomás Vieira Mário.
Refira-se que em recentes declarações em plena sessão de julgamento das dívidas ilegais, o juíz da causa, afirmou que do rastreio feito às contas do Presidente Guebuza, não foi constatada qualquer transferência da Privinvest.
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Entretanto, em meios políticos especula-se que a retirada do nome de Armando Guebuza da lista das pessoas a serem ouvidas como declarantes, pode estar a indiciar desenvolvimentos muito importantes num dos processos instaurados à volta deste caso, e isso pode fazer vislumbrar uma forte possibilidade de o antigo Chefe de Estado vir a tornar-se arguido.
Mas especula-se também que a retirada do seu nome do calendário das audições seja resultado de algum arranjo político para tirar o antigo Presidente da República desta posição de declarante. Acredita-se que nos próximos tempos vai ficar claro o que está a acontecer.
VOA – 30.11.2021