Por ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Em 19[89] houve um invento epocal algo, que mudou a história, a recente história da humanidade. Todos vocês sabem a queda do muro de Berlim. Ou seja, para todos os efeitos o que aconteceu na prática é que o Comunismo real, o Socialismo real, o Marxismo real desapareceu. Pareceu uma grande vitória do Capitalismo sobre o Comunismo e pareceu uma grande vitória de [2] grandes homens, [2] grandes homens do século [XX] o Presidente Ronaldo Reagan dos Estados Unidos [EU] e, o Papa João Paulo II, que se vocês forem a olhar um pouco na história, que quanto mais nos afastamos daquela data, mais claro fica o que é que realmente aconteceu há [32] anos atrás.
Na verdade, houve realmente uma colaboração entre o Vaticano e os EU, no esforço de trazer abaixo o Comunismo. De um lado, sucede que o Papa João Paulo II, vinha de um país Comunista, ele sabia o que era o Comunismo, ele sabia o que era a [opressão] de um Estado totalitário, ele viveu debaixo da bota do Comunismo. Por outro lado, o Presidente Ronaldo Reagan, foi sempre um anticomunista tosco, logo foi eleito como tal. E então, os dois homens; o braço secular e o braço religioso, parece, que se uniram no esforço hercúleo de trazer abaixo o Comunismo.
Repare, quando em 19[87] o Presidente Reagan, diante do portão de Brandeburgo em Berlim, pronunciou um dos seus famosíssimos discursos falando a respeito do Secretário-geral do Partido Comunista soviético Mikhail Gorbatchov, ele estava descrevendo e dizendo os esforços de Gorbatchov de fazer uma Perestroika [reestruturação] do movimento Comunismo na União Soviéticas [US] de fazer Glassnost, ou seja, uma transparência na estrutura e no Governo Comunista soviético.
Então, o Presidente Reagan fez um discurso famosíssimo dizendo aquilo, que todos homens e mulheres de boa vontade do Ocidente queriam dizer.
Dizia ele, destarte: «Senhor Gorbatchov, venha e abra esse portão aqui. Derrube esse muro». E então, como que Gorbatchov ouvindo esse discurso famosíssimo de Reagan [2] anos depois o muro caiu. Na verdade, pareceu um grande triunfo do Capitalismo, um grande triunfo, portanto, dos valores tradicionais do Ocidente, um grande triunfo da luta do Papa João Paulo II e de Ronaldo Reagan para fazer com que o Comunismo caísse na sua própria terra US e em outros lugares do mundo. Lembrando, quando João Paulo II visitou Cuba, um jornalista perguntou a Fidel Castro como ele se sentia recebendo em sua própria casa [Cuba] o homem, que havia causado a queda do Comunismo. Fidel Castro respondeu candidamente dizendo: «eu não desprezaria assim o Mikhail Gorbatchov». Ou seja, para Fidel Castro quem [derrubou] o
Comunismo, não foi o Reagan, não foi o Papa João Paulo II. Quem derrubou o Comunismo foi o próprio Comunismo. Quer dizer, parafraseando Fidel, ouve uma espécie de [implosão] dentro do movimento Comunista na US.
Ora! Com estes pontos de aproximação hoje volvidos [32] anos apôs a queda do muro de Berlim ou melhor, o iniciou da queda do muro de Berlim e a derrocada do Comunismo no Leste, cada vez mais isso se torna claro e evidente, que a coisa foi de causa pensado do interior do próprio movimento Comunista na US.
Na verdade, existem expressões, existem manifestações do próprio Gorbatchov anteriores à queda do muro de Berlim, em que ele já dizia e os próprios comunistas já previam, que seria necessário promover uma aparente morte do Comunismo para que o espírito e o ideal comunista se alastrassem no Ocidente®. Ou seja, os próprios comunistas compreendiam que havia uma espécie de [queda de andaimes] e que se as coisas continuassem daquela maneira o Comunismo iria perder.
Como resultado, havia uma Guerra armamentista e os EU estavam vencendo a corrida armamentista. Ou seja, os EU tinham armas muito mais potentes e tecnologicamente mais desenvolvido e estavam numa posição muito mais melhor e forte do que a US. Ou seja, os EU dentro da Guerra fria estavam vencendo a Guerra fria. Dizendo em outras palavras, os EU estavam vencendo a batalha militar, mas os comunistas não estavam mais fixados numa batalha militar; há décadas que os comunistas [soviéticos] já haviam percebido, que o caminho a seguir não era o caminho militar, o caminho era o caminho
cultural.
Ora! Como é que surgiu isso? Como se deu essa passagem esse triunfo de uma linha que originalmente parecia [heterodoxa] do Comunismo?! E, para aqueles que não estão acostumados com a história recente do século [XX]o que é que nós tínhamos.
Pois bem, se existe uma explicação proponho, que voltemos um pouco para o século [XIX], vamos recomeçar para que os leigos saibam as raízes distantes aí vou trazendo essa ideia para vocês acompanharem um pouco da história.
Todos de certeza já ouvimos falar de Karl Marx. E qual é a ideia de Karl Marx? A ideia de Karl Marx é a seguinte e vou tentar resumir o Marxismo em breves palavras.
«A sociedade que está aí é uma sociedade injusta, que explora o trabalhador». Trabalhador para Marx era o proletariado; os proletários. Logo, é necessário que nós através de um método revolucionário e para Marx a revolução era claramente
revolução armada. Ou seja, era necessário que através de uma revolução nós classe trabalhadora tomemos posse do Governo para implantar uma ditadura do proletariado, através de uma luta de classes e o proletariado vai tomar posse dos meios de produção, Governo e etc.
Então, quando os trabalhadores tomarem posse eles implantarão a ditadura em seguida esta ditadura, que será simplesmente uma ponte ou passagem. Quer dizer, momento temporário para uma sociedade, que no final será justa, sem classes e no fim das contas sem Governo. Ou seja, o [ideal] de Marx, em poucas palavras era implantar aqui na terra um paraíso, implantar aqui nesse mundo uma sociedade justa e perfeita.
Ora! Como é que ele iria fazer isso? Pelo poder criativo do mal. É aqui onde se esconde a perversão marxista na sua raiz mais absurda. Ou seja, Marx era somente o secretário e o maligno na verdade era Hegel. Marx era somente o porta-voz, a força criativa do mal, do negativo. Faça o mal, produza o mal, destrua disso virá algo bom. É esse o princípio hegeliano uma vez que, você tem uma antítese forte deste conflito, dessa luta de tese e da antítese surgirá uma síntese superior. Esta luta será elevada na linguagem técnica hegeliana será supra-sumida, ou seja, vai ser levada para cima.
Então, num conflito, num duelo de vida e de morte e com o conflito de morte surgirá o superior. Então, o que acontece Hegel vê que existe uma injustiça com o mal, com o negativo, que o negativo foi demonizado, foi exorcizado [afastado] das nossas vidas.
Então, Hegel traz para dentro da filosofia aquilo, que já era visto pela arte, pelo romance e pelos satanistas força do mal. Para Hegel, o mal produz vida. Ou seja, criatividade no mal, vitalidade no mal. Dê asa a maldade vai acontecer algo de bom.
Hegel coloca isso na filosofia e na sua dialéctica, seguidamente Marx leva isso à prática [práxis]. Marx passa da teoria hegeliana para a práxis. Uma práxis política em que matar, destruir, hostilizar a civilização trazer a baixo a ordem irá produzir uma ordem superior.
O princípio da acção marxista é o princípio do trabalho do negativo, do destruidor, de por a baixa. Então, Hegel e Marx nos colocam diante dessa realidade do trabalho do negativo, da destruição. É necessário destruir, através do trabalho do negativo, da destruição trazer abaixo uma ordem, um sistema que ele diz está oprimindo o trabalhador, o proletário.
Marx, para muitos foi profeta e para outro foi um profeta pela metade, isto é, mentiroso.
Porquê? Porque ele profetizava o futuro duma sociedade justa, sem classes aliás, sem Governo, perfeita não só…, mas também, o paraíso aqui na terra. Só ele prévia que isso iria acontecer, através duma revolta dos trabalhadores ele sabia perfeitamente que isso não era verdade.
Marx previa, então que os trabalhadores iriam sofrer tanto de baixo da opressão dos capitalistas, dos burgueses e que, a panela de pressão iria estoirar, além disso, os trabalhadores iriam se unir contra os capitalistas opressores e é por isso que o manifesto comunista termina dizendo destarte: «trabalhadores do mundo inteiro uni-vos».
Marx previa, também que a pressão contra os proletários seria tão grande, que os trabalhadores da França, iriam se unir com os trabalhadores da Alemanha, com os trabalhadores da Inglaterra, da Itália e eles iriam se [unir] contra a classe capitalista e impor a ditadura do proletariado. Problema, isso não aconteceu; Marx morreu e não viu a sua profecia vir abaixo, ou seja, não se realizar.
Marx, previa uma grande Guerra, uma Guerra Pan-Europeia. Essa Guerra Pan-Europeia de facto aconteceu, foi a primeira Guerra Mundial. Todo mundo previa e de facto aconteceu a primeira Guerra Mundial só que, para total confusão e desilusão dos marxistas, os trabalhadores não se uniram, eles ao contrário pegaram as armas para matar, horror dos horrores outros trabalhadores. Ou seja, os trabalhadores franceses pegaram em armas para matar trabalhadores alemães, para defender os interesses de classe dos seus patrões, dos capitalistas. Ora! Como é possível!
Então, depois que terminou a primeira Guerra Mundial o marxismo estava em plena crise teórica e até filosófica. Como era possível, que os trabalhadores estivessem tão alienados? Como era possível, que os trabalhadores que deveriam ter conforme a análise de Marx, [consciência de classe] e defender os direitos da sua classe, como era possível agora que eles pegassem em armas para matar outros trabalhadores, além disso, defender os interesses dos seus patrões? Quem foi que alienou os trabalhadores dessa forma? Essa é a grande pergunta.
Um pouco da resposta o próprio Marx já havia identificado quando ele diz aquela brilhante frase de que, «a religião é o ópio do povo». Quer dizer, o que você está sofrendo, os métodos anestésicos da época não eram muito eficazes. O ópio foi uma
grande descoberta e então, descobriram o ópio, enquanto possibilidade de fazer com que a pessoa fugisse do sofrimento ou da dor e começaram a fugir da dor e do sofrimento existencial, se drogando. Marx dizia «a religião é ópio do povo». Ópio era
muito caro e a população não tinha dinheiro para comprar ópio, então você vai a Igreja, e reza o terço.
Os padres prometiam o povo paraíso e então as pessoas irão sonhar. Sonhar com o paraíso. Ou seja, se você está nesta terra lascado estilhaçado, em situação triste, se você como trabalhador é oprimido, vilipendiado e maltratado pela ambição do capital não tem problema reze o terço e espere o paraíso no céu.
Marx, já havia entendido, que havia um factor cultural, que alienava o povo, mas…, isso não havia sido elaborado de forma adequada teoricamente e nós tivemos que esperar o iniciou e o fim do século [XX] para ver essa elaboração feita.
Na verdade, quando terminou a primeira Guerra Mundial estava estabelecido uma grande crise teórica e filosófica no marxismo. A crise teórica e filosófica consistia no seguinte: porque é que os trabalhadores pegaram em armas para defenderem os patrões, quando na teoria marxista eles estão oprimidos pelos patrões e irão se revoltar contra o patrão. Porquê é que eles não defenderam seus interesses de classe? Quem os alienou?
Haviam [3] pilares, [3] colunas que precisavam vir abaixo: A religião cristã e judaica ou a ética judaica ou crista, a filosofia grega e o direito romano. Portanto, esse tríplice encontro forma a [identidade íntima] da Europa cuja defesa era a tarefa importante. Era preciso defender essas [3] grandes colunas da cultura ocidental: A fé cristã, o direito romano e a filosofia grega. Porquê. Porque existia um movimento revolucionária, que pretendia levar abaixo essas três colunas. Então, é aqui que estava o grande conflito. A grande batalha cultural, a grande guerra cultural.
Contrariamente, Marx observava que existe uma superestrutura. E superestrutura para Marx é a religião, a filosofia, o direito, a ética a ideologia. Ou seja, aquelas [3] colunas a respeitos das quais indiquei acima são para Marx uma superestrutura, que justificam o «Status Quo», que justificam a situação opressora na qual a sociedade se encontra.
Então, quando você cria essa superestrutura, essa cultura está defendendo os seus interesses de classes e aí você pega essa cultura e inócua no subconsciente das pessoas e as pessoas tornam-se profundamente alienadas, porque beberam do
veneno. Para os marxistas, os chamados marxistas culturais [António Gramsci] essas [3] realidades são uma espécie de poção [remédio] mágica venenosa, que aliena as pessoas e que impede os trabalhadores de lutarem de forma revolucionária.
Por outro lado, na década de [20] na Rússia estava sendo implantado naquele momento um Estado. Como é sabido, os bolcheviques vieram ao poder em Outubro de 19[17]. No iniciou da década de [XX] Lénine estava estabelecendo as bases do Estado soviético. Lénine, morreu e Estaline tomou as rédeas do Partido Comunista e começou a fazer um expurgo prático Comunista de eliminação das fotos, uma limpeza geral em seguida, começou a mandar matar todos os [dissidentes] do Partido Comunista entre os quais vocês sabem muito bem viria a morrer depois o Proscky. Ou seja, ninguém matou mais comunistas na história da humanidade, que os próprios comunistas. O comunista é uma pessoa, que não aceita muita dissidência. Na verdade, eles se unem enquanto estão lutando e quando eles chegam ao poder começam a eliminar os
adversários internos do Partido.
Então, o que aconteceu. O Estaline começou a fazer uma limpeza e o clima de terror medo que se havia instalado no Partido Comunista e na US era tal que, por exemplo; para terem uma ideia quando Estaline chegava numa reunião do Comité Central do Partido Comunista as pessoas começavam a aplaudir e ninguém parava de aplaudir com medo de ser o primeiro a parar de aplaudir. Aqueles aplausos duravam uma eternidade. Isso é para você entender o clima de terror, que se havia instalado dentro do próprio Partido Comunista Soviético. Esse era o tipo de situação que se vivia antes da [derrocada] do Comunismo na US. Todo mundo aplaudindo e ninguém parava com medo de ser o primeiro a parar de aplaudir.
Porquê! Porque o homem [Estaline] era um cruel, mandava matar mesmo. Ele mesmo dizia que «não era possível fazer omeletas sem quebrar ovos». Era necessário matar.
É por isso, que os marxistas não debatem, eles não querem minimamente o debate.
Veja! Para você debater qualquer que seja uma questão, você tem que possuir aquilo, que nós na Filosofia chamamos de honestidade moral, e os marxistas, isso eles não possuem, o que eles fazem como sempre é [denunciar] a lógica burguesa eles se entrarem na sua lógica sabem que irão perder. Eles não têm problema, que com a grande desenvoltura mudem de opinião. Para o marxista não existe o bem e o mal o que existe é aquilo que atrapalha a revolução. É por isso, que os toscos marxistas veneram o Maquiavel [O Príncipe].
Voltando para Hegel, a força do negativo. Destrua, odeie, ponha abaixo, surgirá o paraíso. Mate e virá a vida, crie o caos e virá a ordem. E, portanto, havia pessoas que tinham feito disso um estilo de vida podia ser que essas pessoas não tenham lido e compreendido Marx, Lénine e Estaline, mas eles vivia daquela apostila, daquele pensamento e forma de pensar. Então, nós nesses dias vendo e explorando um pouco as raízes podemos entender como é que se chegou ao desmoronamento da US. Era necessário destruir e trazer a baixo o Comunismo, que não havia solução pelo caminho
estalinista.
As pessoas abominavam o regime de força e terror que estava implantado por Estaline e que sobreviveu até ao último quartel do século passado. Então, o sistema precisava ser implodido, mas como implodir? Anonimamente, gradualmente e nada devia ser ostensivo tudo devia ser disfarçado. Então, devia-se subministrar o veneno ao paciente
Comunismo e ele devia tomar todos os dias espontaneamente achando que era remédio.
Destarte, você tem que apresentar para a pessoa o [veneno], que irá mata-la como que, se aquilo fosse o medicamento de salvação. Você, precisa destruir a cultura em nome da dignidade do homem, em nome da liberdade você cria a ditadura, em nome da dignidade do homem você cria a destruição, em nome dos direitos humanos você cerceia os direitos.
Existia uma propaganda, não só, mas também, existia uma realidade. Uma era como o marxismo alardeavam suas ideias e a outra é como ela realmente fazia. Em nome da dignidade ninguém aguentava mais ser oprimido, ver o mundo da forma que eles queriam e se elas quisessem ver de outro lado os agentes do sistema impediam-nas de ver. Perguntem quanta pessoas na antiga US foram levados para os [gulag’s] campos de trabalho forçado e reeducação, perguntem aos cubanos quantas pessoas foram levadas ao [El paradon] para serem fuzilados e quantos foram levados aos campos reeducação e trabalho forçado por esse mundo fora?
Então, somente através da luta cultural é que se conseguiria implantar uma nova sociedade, ou seja, um novo mundo uma vez que, os métodos antigos de força armada, os métodos da revolução armada de Lénine, Estaline eram [anacrónicos] não
deram certo, porque não se pode de modo algum pôr um povo na camisa de força quando ele internamente está revoltado. O resto era propaganda os toscos marxistas sabiam muito mais o que era propaganda e o verdadeiro intento. Certo é que, também o Comunismo revolucionário o qual só em parte conseguiu entender Karl Marx e seu programa foi um autêntico movimento reaccionário.
Então, em breves pinceladas foram colocadas aqui duma forma panorâmica aquilo, que eu chamaria de movimento do marxismo cultural [os novos marxistas]. O movimento do marxismo cultural, que parte da realidade de que, Marx queria implantar uma sociedade nova um paraíso aqui na terra, mas os meios precisam ser os meios culturais.
Manuel Bernardo Gondola)