Ernesto Gove, ex-governador do Banco de Moçambique, ao admitir, ontem perante o tribunal que julga o vergonhoso escândalo das dívidas ocultas, que o contrato entre a ProIndicus e o Credit Suisse, com garantia soberana, tinha uma irregularidade, mas o banco emissor fez vista grossa, tendo em conta a questão da soberania e o naipe dos actores do processo (SISE, Ministério das Finanças e Manuel Chang), desfez qualquer dúvida que ainda poderia, teimosamente, existir sobre se este País é governado por gatunos ou não!
O Banco de Moçambique ao assinar aquelas garantias violou a Lei e ele, o Gove, está ciente disso, mas escudou-se numa desculpa esfarrapada como essa de dizer que o banco emissor foi impelido a isso também porque Manuel Chang deixou claro que tinha sido mandatado. É pouco relevante questionar quem era o chefe de Chang na altura porque todos os moçambicanos o conhecem. A questão central aqui é que as declarações de Gove tornam evidente que a bandalheira não era nem episódica nem acidental na chancelaria de Armando Guebuza.
A corrupção tornou-se um método de Governo, de onde resultou o envolvimento directo de todo o Conselho de Ministros.
Não se pode considerar que quase todos os que ocupavam postos nevrálgicos no Governo de Armando Guebuza tenham se envolvido em alguma forma de falcatrua sem que a roubalheira tenha sido considerada, em algum momento, como parte do próprio planeamento administrativo.
E se a Justiça moçambicana fosse razoavelmente séria, a lista dos governantes corruptos- contando com os do actual Governo- deveria aumentar de forma assustadora que Língamo, de certeza, poderia rebentar pelas costuras, além de uma possível falta de tecido para o fabrico do conhecido uniforme cor de laranja. O quadro torna-se mais complexo ainda quando se observa que Armando Guebuza e Filipe Nyusi não são quem dizem ser. O primeiro, como é de amplo conhecimento, estará na BO para depor, como declarante, e o segundo, apesar de oferecer resistência, a Privinvest pretende arrasta-lo para Londres de forma a clarificar se recebeu ou não esse maldito dinheiro do calote que deixou Moçambique de rastos.
O mais espantoso desse levanta[1]mento, é o contraste entre as palavras e actos de Guebuza, Nyusi e toda a súcia dos camaradas. Criada como uma Frente de Libertação de Moçambique, a Frelimo, uma vez no poder, revelou-se não apenas tão ou mais perigosa do que o colonialismo português que
escorraçou do País, mas foi ainda mais longe do que o colono jamais sonhou: esquartejou impiedosamente a sua própria pátria e entregou-a a mafiosos como Jean Boustani e Iskandar Safa para se banquetearem.
Estamos profundamente desapontados com esta Frelimo…adepta da politicalha! (Laurindos Macuácua)
DN – 24.11.2021